Senadores paraguaios interromperam o progresso na proposta de proibição da mineração de criptomoedas apresentada na semana passada, com os oficiais agora considerando os benefícios de vender energia excedente de sua usina hidrelétrica de Itaipu para mineradores, em vez de exportá-la para o Brasil e Argentina.
Um debate será realizado em uma audiência pública no dia 23 de abril para discutir os benefícios e desvantagens da mineração de Bitcoin no país, confirmou a Senadora Lilian Samaniego em uma sessão do Senado em 10 de abril.
Isso ocorre cerca de uma semana após os legisladores apresentarem um projeto de lei em 4 de abril para proibir temporariamente a mineração de Bitcoin (BTC) por 180 dias, alegando que minas ilegais de criptomoedas têm roubado energia e perturbado o fornecimento de eletricidade do país.
Entretanto, dias depois, os legisladores paraguaios aprovaram uma declaração para apoiar a infraestrutura de investimento local e estrangeiro quatro dias depois, em 8 de abril, o que o Senador Salyn Buzarquis espera que impulsione o Ministério da Indústria do Paraguai a estudar as vantagens econômicas de vender energia excedente para mineradores de Bitcoin em vez disso.
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Em uma carta ao Congresso em 8 de abril, Buzarquis observou que 45 mineradores de criptomoedas licenciados estão a caminho de gerar US$ 48 milhões para a Administração Nacional de Eletricidade (ANDE) até 2024 — esperado para chegar a US$ 125 milhões até 2025 após os mineradores instalarem mais equipamentos.
Com o custo da produção de eletricidade na usina hidrelétrica de Itaipu do Paraguai girando em torno de US$ 22 por megawatt-hora (MWh), a ANDE poderia gerar uma margem de lucro líquido de 45% vendendo energia excedente para mineradores locais de Bitcoin a US$ 40/MWh.
Isso equivale a US$ 73 milhões anualmente e cerca de US$ 17 milhões em imposto sobre valor agregado para o tesouro, observou Buzarquis, que afirmou que as operações de mineração de Bitcoin poderiam até salvar a ANDE da falência.
“Este fluxo de fundos é o que vai salvar a ANDE da falência; para poder investir mais em infraestrutura e não aumentar a tarifa para os paraguaios.”
Atualmente, o Paraguai vende energia para o Brasil a uma taxa subsidiada de US$ 10/MWh, observou Buzarquis.
A mineração de criptomoedas também poderia gerar mais oportunidades de emprego para a economia local, acrescentou Buzarquis na sessão do senado de 10 de abril.
No projeto de lei anterior de 4 de abril, os legisladores argumentaram que houve 50 casos de interrupção no fornecimento de energia ligados a mineradores de criptomoedas acessando ilegalmente essas fontes de eletricidade desde fevereiro.
Se aprovada, a medida poderia impactar um dos maiores players da indústria, a Marathon Digital Holdings, que se expandiu para o Paraguai em novembro passado, implementando 27 MW ao redor da usina hidrelétrica de Itaipu.
A controvérsia no Paraguai surge enquanto os mineradores de Bitcoin se preparam para o próximo evento de halving do Bitcoin, previsto para acontecer em 20 de abril, que reduzirá as recompensas dos mineradores de 6,25 BTC (US$ 442.000) para 3,125 BTC (US$ 221.000).