Em uma análise compartilhada com o Cointelegraph, Ana de Mattos, analista técnica e trader parceira da Ripio, afirmou que junho pode ser um mês com grandes oportunidades para comprar a queda e aumentar seu patrimônio de Bitcoin.

De acordo com a analista, o mês conta com uma narrativa forte do lado institucional que pode impulsionar o preço do BTC mas também deve presenciar fortes realizações de lucro, oferecendo oportunidades de compra e, para aproveitar elas, é fundamental ter capital para comprar mais Bitcoin.

“É importante manter capital disponível para aproveitar eventuais quedas. Quem tem paciência e visão de longo prazo tende a colher os melhores resultados, enquanto o mercado se prepara para o próximo impulso”, disse.

A analista aponta que maio marcou uma nova fase para o Bitcoin, consolidando seu papel como um dos ativos mais relevantes do cenário financeiro global. Com valorização próxima de 30%, o ativo superou sua máxima histórica e atingiu os US$ 111.980 em pleno Bitcoin Pizza Day, retomando o posto de quinto maior ativo do mundo em valor de mercado, com market cap acima de US$ 2 trilhões.

“Mas, apesar do otimismo, o mercado começou a mostrar sinais claros de desaceleração. Na última semana do mês, o preço entrou em uma fase de lateralização entre US$ 105.220 e US$ 110.720, com dificuldade de romper o novo teto psicológico de US$ 112.950”, afirmou

Segundo ela, o volume negociado caiu, a volatilidade diminuiu e os dados on-chain sugerem que muitos investidores já alocaram capital na faixa de preço atual. O resultado: um mercado com apetite para alta, mas que agora exige um novo impulso — seja por narrativa ou novos fluxos.

Bitcoin Dados on-chain

Ana aponta que durante o mês o Índice de Medo e Ganância permaneceu em "ganância moderada", sem entrar em níveis extremos. No on-chain, a média de capital realizado (Realized Cap) saltou para US$ 872 bilhões, o que sugere que o Bitcoin recebeu US$ 472 bilhões em novos aportes durante o ciclo atual e confirma a entrada consistente de capital desde o início da tendência de alta.

Entretanto, um olhar mais cauteloso indica que boa parte desse capital já está posicionado e a continuidade da tendência de alta vai exigir novas entradas para impulsionar os preços.

Após atingir um novo patamar de Realized Cap junto ao novo preço recorde, o fluxo de capital se estabilizou e o MVRV Ratio, que mensura o lucro médio não realizado pelos investidores, caiu de 178% para 113%, mostrando que, embora os investidores ainda estejam no lucro, o fôlego para seguir empurrando os preços começa a diminuir sem novos gatilhos. Dito isso, o impulso para novas altas pode estar temporariamente diminuindo.

“Ao mesmo tempo, o realized volatility segue historicamente baixo para um bull market. O índice está performando abaixo de 50%, o que pode ser um sinal de que a presença institucional no mercado está suavizando os movimentos bruscos de preço”, analisa.

Além disso, o volume negociado nos principais mercados spot caiu de US$ 22,8 bilhões desde a ATH para atuais US$ 6,6 bilhões/dia. Os volumes de negociações tendem a diminuir durante as quedas, refletindo a diminuição do apetite especulativo.

Bitcoin: conexão com a macroeconomia

 “Como veremos a seguir, eventos globais contribuíram para o avanço do Bitcoin. Para começar, maio foi marcado por um choque de credibilidade nos EUA: a agência Moody’s rebaixou a nota de crédito dos EUA de AAA (Triple A) para AA1, citando a trajetória insustentável da dívida de US$ 36 trilhões. O impacto foi imediato: alta nos juros dos Treasuries, queda no dólar e migração para ativos alternativos, como o Bitcoin e o ouro, que também atingiu recorde”, afirmou

Além disso, ela aponta que a inflação americana se manteve controlada em 2,3% ao ano (a menor em quatro anos), levando o Fed a manter juros estáveis, apesar da guerra comercial. Na China, novos cortes de juros estimularam a economia, reduzindo tensões inflacionárias globais.

No campo geopolítico, a trégua de 90 dias entre EUA e China trouxe alívio temporário, mas as tensões foram retomadas no fim do mês, com o presidente Trump acusando a China de descumprir o acordo, afirmando que os desvios ‘terão de ser corrigidos’.

Esses acontecimentos aumentaram a preocupação com os riscos dos mercados tradicionais e fizeram com que muitos investidores buscassem proteção em ativos como o Bitcoin”, avaliou.

Projeções de Bitcoin para junho

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 A analista destaca que junho começa com forte expectativa, mas o mercado está claramente comprimido entre US$ 105 mil e US$ 111 mil. O próximo movimento depende de novos gatilhos. Um rompimento claro acima de US$ 112.950 pode destravar a retomada da alta em direção a US$ 116.280 e até novas máximas.

A continuidade da valorização dependerá, principalmente, de uma combinação entre narrativa pró-cripto, fluxo institucional e dados macro favoráveis.

Por outro lado, se houver esgotamento do fluxo comprador ou novos ruídos no macro, o Bitcoin poderá corrigir para a faixa entre US$ 102 mil e US$ 94 mil.O momento atual é favorável para quem quer construir posição estratégica em Bitcoin. A entrada de grandes instituições e o desempenho do ativo em comparação com outras classes justificam aportes mensais feitos com disciplina, especialmente durante as fases de consolidação e em zonas de suporte”, finaliza.