A Marathon Digital Holdings, uma das maiores mineradoras de Bitcoin do mundo, anunciou que vai usar a energia da usina binacional de Itaipu, localizada em Foz do Iguaçu, no Brasil, para suas operações de mineração de BTC.
Segundo a empresa, as operações serão realizadas no Paraguai e prevê o uso de cerca de 27 megawatts para a mineração de BTC. Os primeiros ASICs já estão no país e atualmente estão sendo preparados para instalação e energização. A meta, segundo a empresa, é estar operacional até o final do ano.
Em 16 de outubro de 2023, a Marathon celebrou acordo com a Penguin Infrastructure Holding (“Grupo Penguin”), cuja missão é transformar energia em potencial humano no Paraguai, para lançar um projeto de mineração de Bitcoin próximo à barragem de Itaipu, na divisa com o Brasil.
A Usina de Itaipu tem capacidade instalada de geração de 14 gigawatts e é a segunda maior hidrelétrica do mundo em produção anual.
Este projeto, estruturado em joint venture, será desenvolvido em duas etapas. O primeiro estágio utilizará aproximadamente sete megawatts para abastecer aproximadamente 0,3 EH/s dos equipamentos de mineração da Marathon e deverá ser energizado ainda em novembro.
A segunda fase utilizará aproximadamente 20 megawatts para alimentar aproximadamente 0,8 EH/s dos mineradores da Marathon e deverá entrar em operação em 2024. Nos próximos meses, a Marathon trabalhará com o Penguin Group para colocar on-line todos os 1,1 EH/s.
“Depois de provar que podemos implementar com sucesso a nível internacional com o nosso projecto em Abu Dhabi, continuamos a expandir-nos para novos mercados com energia excedentária ou ociosa”, disse Fred Thiel, presidente e CEO da Marathon. “Este projeto é a nossa segunda implantação internacional e marca a nossa primeira na América Latina.
Ele destaca que a usina de Itaipu produz aproximadamente 32 terawatts-hora de energia excedente por ano, o que resulta em menor produtividade para a concessionária e para o país.
"Os mineradores de Bitcoin, como o Marathon, têm a capacidade única de se localizarem em fontes de energia que produzem energia excedente, como a barragem de Itaipu. Para a Marathon, essas implantações nos proporcionam a oportunidade de reduzir nossos custos de energia e aumentar nosso mix de energia sustentável. Para os serviços públicos e os países com excesso de energia, podemos ajudá-los a rentabilizar o seu excesso de energia sem terem de construir linhas de transmissão dispendiosas e infraestruturas adicionais", complementou.
Brasil, Paraguai, Itaipu e mineração de Bitcoin
A Usina Hidrelétrica de Itaipu é uma das maiores e mais poderosas usinas hidrelétricas do mundo. Ela está localizada no Rio Paraná, na fronteira entre o Brasil e o Paraguai. A construção de Itaipu foi um empreendimento conjunto entre os dois países, que resultou em uma das parcerias mais bem-sucedidas do gênero.
Itaipu tem uma capacidade de geração de energia elétrica gigantesca. Ela consiste em 20 unidades geradoras que, juntas, têm uma capacidade instalada de aproximadamente 14.000 megawatts (MW). Isso é suficiente para atender a uma grande parte das necessidades de energia elétrica tanto do Brasil quanto do Paraguai.
A usina é uma cooperação entre o Brasil e o Paraguai, com 50% de sua capacidade de geração pertencendo a cada país. No entanto, o Brasil compra o excedente de energia que corresponde a parcela do Paraguai.
O governo brasileiro que rever o acordo de fornecimento de energia da usina hidrelétrica de Itaipu. O acordo foi assinado em 1973 e prevê uma revisão dos termos após 50 anos.
Na revisão que deve ser debatida com o Paraguai até setembro, o governo brasileiro destaca que pretende equilibrar os termos para que eles atendam melhor aos dois países e isso significa baratear o custo da energia fornecido para o Brasil.
Conforme o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, já ha reuniões agendadas entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente do Paraguai, Santiago Penã, para debater o assunto.
No entanto os planos de revisão do acordo de Itaipu podem acabar com o recente sonho paraguaio de ser uma 'meca' para a mineração de Bitcoin já que as alterações podem causar uma elevação nos preços de energia fornecidos aos mineradores no país.