O halving do Bitcoin (BTC) se aproxima, e com ele as dúvidas sobre o futuro do criptoativo. Não apenas em relação ao seu preço, mas também sobre a mineração. 

O evento, marcado para maio, faz com que a recompensa gerada para os mineradores a cada bloco caia pela metade e o gasto com energia para minerar um Bitcoin dobre.

A aquisição de um Bitcoin inteiro por ano através da mineração não é garantida e não pode se encaixar em uma estimativa exata. A resolução de um bloco não é apenas uma questão de matemática, mas também de sorte. 

Basicamente, o processo de mineração é tentar adivinhar qual a chave para solucionar um problema matemático. Quanto mais potencial computacional um minerador possui, mais tentativas ele consegue realizar por segundo e mais chances ele tem de resolver o problema e, consequentemente, de receber a recompensa.

Isso significa que comprar hashrate suficiente para minerar um BTC pode não ser o bastante. Os cenários devem incluir preços de mercado, custos de eletricidade e concorrência de outros mineradores, entre outros fatores.

Se um membro da rede não possui poder computacional para minerar um bloco sozinho, ele pode participar de um pool de mineração.

Ingressar em um pool (que nada mais é do quem um grupo que reúne diversos mineradores) pode aumentar as chances dos participantes de conseguirem minerar um bloco e compartilhar a recompensa.

O Bitcoin começou a ser minerado através de CPUs de computadores de usuários comuns em 2009. Com o passar dos anos, foram sendo criadas maquinas específicas para realizar a tarefa - as chamadas ASICs (Application-Specific Integrated Circuit).

Um estudo de caso realizado recentemente na ASIC mais recente - a Antminer S17 - mostra que a mineração de um Bitcoin por ano é possível. 

Há, no entanto, uma ressalva. Os custos de instalação e eletricidade significam que a mineração de um Bitcoin em casa em 2020 também custará cerca de 1 BTC a preços atuais. 

Uma Antminer S17 é vendida por cerca de US$ 2.000, um preço relativamente mais baixo em comparação com os modelos anteriores que chegavam a US$ 4.000 ou mais durante os períodos de maior demanda. Segundo os dados, duas dessas máquinas podem extrair facilmente 1 BTC por ano, na dificuldade atual.

As fazendas de mineração que conseguirem atingir custos de eletricidade de 5 centavos de dólar por quilowatt-hora (kWh) ainda conseguem minerar com lucro, principalmente nos dias restantes antes do halving. 

Um dos problemas de se investir em equipamentos de mineração é que, se o hashrate do Bitcoin continuar a crescer mesmo depois do halving, vai ficar cada vez mais dificil garantir 1 BTC com mineração.

De acordo com os cálculos, produzir um BTC através de ASICs para amadores teria o mesmo efeito que comprar um BTC. No entanto, a vantagem da mineração é que a moeda não tem histórico anterior de transações.

O fato, então, é que especialmente após o halving, minerar um BTC dificilmente será rentável para mineradores "caseiros", que não participem de um pool, principalmente em locais onde o custo da energia é elevado.

No Brasil, o custo da energia elétrica varia em cada estado, mas em nenhum deles o preço de um quilowatt-hora fica sequer próximo dos 5 centavos de dólar necessários para uma mineração lucrativa.

Em São Paulo, por exemplo, o preço do kWh é de R$ 0,66 para instalações com consumo superior a 220 kWh, e a isso ainda devem ser acrescidos valores de eventuais bandeiras amarelas e vermelhas, que elevam o preço da terifa de acordo com aumento da demanda e outros fatores.

As opiniões sobre o futuro do Bitcoin após o halving variam bastante, simplesmente porque se trata basicamente de um exercício de adivinhação - na última vez que isso aconteceu, em 2016, o cenário e a indústria de criptomoedas era completamente diferente. 

O CEO da Binance, por exemplo, garante que o halving ainda não está precificado. O Cointelegraph também ouviu 5 especialistas brasileiros sobre o assunto, com opiniões e análises diversas.