Bitcoin, criptomoedas ou o PIX não podem acabar com o uso do dinheiro físico.

Essa é a opinião de Renato Silva Filho, CEO da Fastcash, empresa que atua com pagamentos digitais.

Assim, para ele, nada vai acabar com o dinheiro fisico.

Coronavírus

O cenário de pandemia impulsionou o e-commerce e os meios de pagamento digitais, e com o  anúncio da antecipação do lançamento da primeira fase do Pix para o dia 5 de outubro, muita gente fala sobre o fim do dinheiro em espécie.

Embora o CEO, acredite que o mundo está mais digitalizado há diversas barreiras que impedem a eliminação do dinheiro físico.

"Acredito também que a circulação física da moeda deve sofrer uma redução com todos os avanços tecnológicos ocorridos nos meios de pagamento. Porém, enfrentamos uma barreira que vai muito além do desejo de inclusão digital: O Brasil possui cerca de 46 milhões de desbancarizados. O número de semi-bancarizados (aquela pessoa que só tem a conta para receber salário ou algum benefício) é mais difícil de se calcular", declara.

Filas nas agências

Segundo Silva Filho, um exemplo recente sobre isso pode ser visto pelos dados da Caixa Econômica Federal (CEF) ao indicar que, cerca de 40% dos brasileiros (24 milhões de pessoas) que estão recebendo o auxílio emergencial não possuía conta em banco antes da pandemia do novo coronavírus.

Além disso, segundo ele, o Banco Central precisou anunciar a criação de uma nota de R$200 e um dos motivos é justamente a demanda por cédulas na CEF para o saque do auxílio.

"Muita gente aprendeu a usar o cartão virtual do Caixa Tem, mas as filas que se formam nas agências são uma prova inegável que, para muitos, o dinheiro no colchão ainda é uma realidade que não vai acabar tão cedo."

Desta forma, seundo ele, o principal desafio desse movimento não será discutir quanto essas soluções irão reduzir custos e diminuir a burocracia do sistema financeiro e sim, como incluir essas pessoas que antes eram invisíveis para os grandes bancos.

Imposto

Ainda segundo o CEO, os custos de serviços financeiros, instituições financeiras e tributos(sem mencionar as discussões em torno do novo "Imposto Digital") que podem absorver de 30 a 40% do “dinheiro” de uma pessoa.

Desta forma, essa cadeia de custos continua estimulando a informalidade do pequeno e médio empresário, que vive na base do dinheiro para não recolher de impostos e escapar de tarifas.

"De grosso modo metade da economia, renda de trabalhador e empresas são informais, e o dinheiro os mantêm anônimos na economia", declara.

Desta forma, segundo ele, além do dinheiro físico não acabar ele vai se multiplicar.

"Independente do saldo, creio que por agora o dinheiro não só não vai acabar, como vai se multiplicar e continuar existindo no bolso do cidadão, e do comerciante que vai receber numa carteira digital e sacar notas de 200 reais", finaliza.

Quanto custa o dinheiro?

Somente em 2019 o Banco Central revela ter gasto mais de R$ 90 bilhões com transporte, armazenamento e segurança de numerário.

“Isso engloba todos os custos, como carro-forte e procedimentos de segurança obrigatórios”, disse Andrade.

No entanto, embora os meios digitais tenham avançado no Brasil, o Banco Central destaca que ainda 60% dos brasileiros usam dinheiro em espécie e cerca de 30% da população não tem acesso a internet.

“Há uma tendência de convergência dos meios de pagamento eletrônicos em moedas digitais. Ela seria tipicamente idêntica ao papel-moeda, só que virtual. Em termos econômicos, é mais um instrumento para diminuir custos. Mas seria uma mudança gradual, até porque sabemos que muitos não têm acesso à internet ou são desbancarizados”, pontuou.

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