Na quarta-feira (4), o deputado federal e integrante da CPI das Criptomoedas Caio Vianna (PSD-RJ) comentou sobre a atenção excessiva que a Comissão tem recebido. Para Vianna, a visibilidade é necessária para alertar a população brasileira, que se torna mais consciente dos golpes utilizando supostos investimentos em criptomoedas através do debate sobre o tema no Congresso.

Visibilidade ao problema

A participação da 123milhas na CPI das Criptomoedas levantou questões sobre a nomenclatura utilizada, já que a Comissão tem se mostrado aberta a discutir pirâmides financeiras de forma ampla. 

Durante sua participação no painel "Cibersegurança, Regulamentação e CPI das criptomoedas", Vianna afirma que o uso do termo é proposital. “Existe pirâmide financeira no Brasil de todo tipo de produto, mas usar o termo ‘criptomoedas’ chama a atenção do público”, diz. 

O deputado federal aponta, então, que a Comissão entende que o mercado de criptomoedas não deixará de crescer. Por isso, é necessário dar luz aos crimes praticados contra os investidores, tornando a CPI em um “processo pedagógico”.

“Quando ocorre uma investigação, o público não fica sabendo. Muitas vezes, um criminoso já organizou uma pirâmide, lesou investidores e já está planejando a próxima, pois muita gente não sabe o que ele faz. A ideia é criar um cenário que dificulte a vida dos criminosos”, comenta Vianna.

Milhas são ativos digitais

Sobre a presença da 123milhas na CPI, Caio Vianna avalia que milhas aéreas são ativos digitais, e podem ser assunto de uma Comissão que aborda crimes relacionados a criptoativos. “A milha é um ativo, pois é possível gerar valor com ela, e é totalmente digital.”

Além disso, Vianna diz não ter dúvidas sobre a 123milhas ter orquestrado um esquema de pirâmide financeira, já que “todos indícios apontam para isso”, na avaliação do deputado. “A 123milhas usa o pacote promo para atrair novos clientes e gerar fluxo financeiro, e esse dinheiro é usado para pagar suas contas mais próximas, configurando uma pirâmide financeira.”

"GAS é uma seita"

A participação de Caio Vianna no Rio Innovation Week também rendeu comentários sobre a GAS Consultoria. A empresa prometia rendimentos significativos sobre supostos investimentos com Bitcoin (BTC) e gerou prejuízo estimado em R$ 9,3 bilhões aos seus clientes. A GAS foi desmantelada em agosto de 2021, e Glaidson Acácio dos Santos, fundador da empresa, foi preso no mesmo ano.

“Aquilo [a GAS] é uma seita. É uma organização criminosa, de um bandido, que está preso porque mandou assassinar duas pessoas na região dos Lagos, que tinha grupo de extermínio, que lavava dinheiro para o tráfico”, exclama Vianna. 

O deputado aponta que a GAS se diferenciou de outras supostas pirâmides financeiras investigadas pela CPI pelo seu modo de operação. Em vez de utilizar a figura de pessoas famosas para divulgar a empresa, Glaidson e seus associados recrutavam “pessoas comuns”, ofereciam bens e divulgavam seu suposto sucesso nas redes sociais.

 “Aí essa pessoa aparece de Lamborghini nas redes sociais, compra uma casa nova, e a reação de quem assiste é ‘eu também posso’. Essa era a forma de atuação da GAS”, explica o deputado.

“Cadê o Coaf?”

Para o deputado, as autoridades fiscalizadoras falharam em coibir a atuação das pirâmides financeiras envolvendo criptomoedas no Brasil entre 2019 e 2023.

“Essas pirâmides movimentaram milhões, e algumas delas movimentaram bilhões. Cadê o Coaf [Conselho de Controle de Atividades Financeiras]? Cadê o Coaf atuando junto com a Polícia Federal? Cadê os relatórios? As fiscalizadoras falharam, e falharam feio”, conclui Vianna.

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