O número de brasileiros investindo em criptomoedas em um único mês atingiu seu recorde em junho, apontam dados da Receita Federal. No último mês do primeiro semestre, mais de 3,2 milhões de pessoas físicas e 89 mil pessoas jurídicas fizeram movimentações com cripto.

Múltiplos recordes

Antes de junho, o maior número registrado de pessoas físicas movimentando criptomoedas era de 2.016.684, relatado pela Receita Federal em abril deste ano. Isso significa que os 3.217.633 de investidores ativos em junho é 60% maior do que a máxima histórica anterior, e mais de 1 milhão em números absolutos.

O número de empresas negociando ativos digitais também registrou um novo recorde. Em maio, foram registrados 83.851 CNPJs ativos realizando negociações com moedas digitais no Brasil, sendo este o recorde à época. Em junho, no entanto, 89.096 empresas movimentaram criptomoedas. O crescimento foi de 6%.

Ao todo, o número de investidores de criptomoedas no Brasil ultrapassou 3,3 milhões em junho, tornando-se o recorde disparado desde agosto de 2019, quando a Instrução Normativa nº 1888 foi implementada. 

Comparando semestres

A média de investidores brasileiros interagindo mensalmente com criptomoedas cresceu significativamente entre os primeiros trimestres de 2022 e 2023, nos dados da Receita Federal. 

Entre janeiro e junho de 2022, a média de investidores do varejo negociando ativos digitais mensalmente no Brasil foi de 755.717. Já no primeiro semestre deste ano, a média foi de 1.905.435, número 152% maior em relação ao ano passado.

O mesmo crescimento ocorreu com os CNPJs. No primeiro semestre de 2022, a média de empresas movimentando criptomoedas mensalmente foi de 22.415. O acumulado do primeiro semestre deste ano, por sua vez, foi de 68.237. O crescimento é de 204%.

Média de CPFs e CNPJs mensalmente ativos no primeiro semestre de 2022 (2022 H1) e no primeiro semestre de 2023 (2023 H1). Imagem: Cointelegraph Brasil

Por que cresceu?

Fabricio Tota, diretor de novos negócios do Mercado Bitcoin, avalia que o crescimento de investidores de criptomoedas nos relatórios mensais da Receita Federal pode estar ligado a mais plataformas reportando informações. “Uma possível explicação pode ser a inclusão de plataformas que anteriormente não reportavam para a RFB e agora o fazem”, avalia Tota.

A Instrução Normativa nº 1888 obriga exchanges nacionais a reportar as movimentações com criptomoedas realizadas dentro de suas plataformas. Nem todas as empresas, porém, prestavam essas informações à Receita Federal.

Quanto à movimentação de ativos digitais no Brasil, Tota comenta que houve queda nos volumes de Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH) negociados por brasileiros entre os primeiros semestres de 2022 e 2023. 

“Ao examinar ativo por ativo, não se observa o mesmo crescimento nos volumes de BTC e ETH, ativos globalmente relevantes. Pelo contrário, houve queda de 46% e 65%, respectivamente, no volume transacionado desses ativos”, destaca.

Por outro lado, o volume de stablecoins cresceu no mesmo período, com destaque para o Tether USD (USDT). “Observa-se um aumento significativo nos volumes de stablecoins, especialmente no USDT, que registrou um expressivo aumento de 80% no mesmo período”, conclui Tota.

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