Nesta quarta, 11, durante o Febraban Tech, a Matera e a Circle anunciaram uma parceria que vai permitir a bancos e fintechs integrarem o USDC em seus serviços no Brasil e em outros países do mundo. Desse modo, bancos como C6 e empresas como Cielo, XP, PagBank e Claro, entre outros 280 clientes da Matera, podem disponibilizar uma conta global, com stablecoin, para seus clientes.

O CEO da Matera, Carlos Netto, revelou ao Cointelegraph Brasil que o objetivo é tornar o uso de stablecoin fácil e simples para os usuários, sem que seja necessário para ele armazenar chaves complexas que dificultam a adoção.

“Esta é uma solução para as massas, para as pessoas que não estão familiarizadas com cripto mas que desejam ter uma conta em dólares. Queremos tornar as stablecoins mais acessíveis, como dizia o Steve Jobs ‘for rest of us’, ou seja, para o cidadão comum que tem uma conta no banco e até para aquele que ainda nem tem uma conta em banco”, revelou.

Netto também destacou que a integração vai permitir aos bancos oferecerem serviços e conta global, com dólares (via USDC), sem a necessidade de estruturar operações fora do Brasil, reduzindo custos e tempo de estruturação. Além disso, com o uso de USDC não há incidência de IOF nas operações.

"Com essa integração os usuários vão acessar uma conta global, em dólar digital, de qualquer lugar do mundo, e pagar em USDC sem qualquer problema, e o melhor, você não precisa ter dinheiro ‘parado’ para acessar esta solução, com apenas um clique o cliente pode ter uma conta global com USDC, nos fornecemos a estrutura que o banco já usa e pronto, qualquer banco pode oferecer isso para os clientes”, apontou Netto.

Ele também projeta que os serviços podem ser integrados com um cartão Visa, atual parceria da Circle, e então, a conta global fica ‘completa’, com serviços bancários de on e off ramp com USDC e um cartão de crédito para o cliente vincular sua conta e usar em qualquer lugar do mundo.

“Pronto, agora o cliente pode pagar com USDC em qualquer lugar do mundo como se fosse um dólar impresso. Ele tem uma conta global com um cartão de crédito, tudo integrado com USDC, via esta nossa parceria”, apontou.

Matera e Circle

De acordo com o comunicado, a iniciativa posiciona o Digital Twin, plataforma transacional em tempo real da Matera, como peça-chave na interoperabilidade entre saldos em moeda local (BRL) e dólares digitais (USDC). Em vez de tratar stablecoins apenas como reserva de valor, essa parceria habilita seu uso em pagamentos cotidianos, diretamente pelas plataformas bancárias e fintechs que utilizam a tecnologia da Matera.

“Integrar o USDC à tecnologia amplamente utilizada da Matera permitirá que instituições financeiras brasileiras façam pagamentos internacionais de forma rápida, econômica e transparente”, diz Daniel Mangabeira, vice-presidente de Estratégia Regulatória no Brasil da Circle. “Com o USDC, o acesso à economia digital global se torna mais simples e seguro”.

A integração entre o Digital Twin e a plataforma da Circle permitirá que instituições financeiras ofereçam experiências multimoeda e multiconta, com saldos operando simultaneamente em BRL, USD e USDC, tudo em tempo real. O diferencial é que essa operação dispensa o desenvolvimento de infraestrutura própria, reduzindo barreiras técnicas e acelerando o acesso à liquidez global.

Além disso, a tecnologia conecta de forma nativa sistemas locais como o Pix à liquidez internacional em USDC, o que viabiliza pagamentos internacionais mais rápidos, baratos e transparentes. Com isso, bancos e fintechs brasileiros ganham uma ferramenta para atuar no mercado global com liquidação instantânea e menor custo operacional.

“Estamos inaugurando uma nova camada de infraestrutura bancária global. A interoperabilidade entre stablecoins e contas em moeda local deixou de ser um experimento e agora faz parte do coração do sistema financeiro”, afirma Carlos Netto, CEO da Matera. “É uma virada de chave para instituições que desejam operar globalmente”, conclui.