O mercado de criptomoedas aguarda o parecer da SEC sobre os pedidos para lançamento de ETFs ligados ao preço de varejo do Bitcoin (BTC) feitos por seis grandes gestoras. Ruslan Lienkha, chefe de mercado da empresa de finanças focada em Web3 YouHodler, comenta os impactos positivos que a aprovação de um fundo como esse pode causar no mercado.

Mudanças na liquidez

A liquidez do mercado de criptomoedas se mostra baixa há algumas semanas. Desde maio, o Cointelegraph noticia a falta de liquidez no mercado, especialmente quando envolve o Bitcoin. 

Isso significa que não há, atualmente, uma alta de quantidade de capital circulando no mercado de criptomoedas. Uma das consequências práticas de períodos como esse é que os movimentos de compra e venda têm impacto acentuado nos preços dos ativos digitais.

Ruslan Lienkha, chefe de mercados da YouHodler, salienta que as companhias por trás dos pedidos de ETF ligados ao preço de varejo nos Estados Unidos gerenciam mais de US$ 15 trilhões em ativos. Ele, então, projeta que a aprovação de um desses fundos de investimento pode impulsionar a liquidez do Bitcoin.

“Teoricamente, parte desses ativos pode ser trocada por Bitcoin. Apenas 0,5% desse montante representa mais de US$ 70 bilhões, o que é um valor enorme para o mercado de Bitcoin”, avalia Lienkha. “Desta forma, a aprovação de um ETF pode impulsionar o preço do Bitcoin, e mantê-lo mais estável ao longo do tempo. Basicamente, veremos mais liquidez nos livros de oferta de Bitcoin das principais plataformas de negociação”, acrescenta.

O chefe de mercados da YouHodler, contudo, não espera uma disparada imediata na liquidez após a aprovação dos ETFs. É provável, afirma, que o crescimento na liquidez seja um processo com duração de meses.

“Por um lado, sabemos que existem grandes empresas de investimentos pesquisando as demandas de seus clientes, e sabemos que esses ETFs trarão mais negócios para eles. Por outro lado, parte dessa liquidez pode já estar no mercado, uma vez que não sabemos se essas companhias já possuem suas próprias posições em BTC”, diz Lienkha.

Caso grandes empresas já estejam expostas a Bitcoin, é provável que elas vendam seus próprios criptoativos aos clientes. Nesse cenário, é possível que nenhuma grande mudança seja vista logo após a aprovação de um ETF.

Apesar do impulso na liquidez do Bitcoin, a aprovação dos ETFs não aumentará, de forma imediata, a liquidez de todo o mercado de criptomoedas. Na visão de Lienkha, a nova onda de capital ficará ‘travada’ no Bitcoin.

“Mas é possível que vejamos um impacto de forma indireta. Por exemplo, uma popularização maior e aumento no interesse em relação aos criptoativos. A aprovação de um ETF de Bitcoin pode fazer com que mais pedidos de ETFs de criptomoedas sejam feitos.”

A importância dos ETFs

O mercado de criptomoedas comporta investidores de diferentes perfis. Dentro desse leque de diferentes investidores, existem aqueles que não possuem confiança suficiente para realizar autocustódia de seus ativos.

Para esses investidores, os ETFs de criptomoedas representam uma forma fácil de investir, com alta segurança, afirma Ruslan Lienkha. “O mercado de criptomoedas é desconhecido, e muitos investidores acabaram de conhecê-lo, e parte disso ocorre porque corretoras tradicionais e empresas de investimento não oferecem serviços relacionados a criptomoedas”, acrescenta.

A oportunidade de investir em criptomoedas através de ETFs, por isso, pode dar mais confiança aos investidores médios ao oferecer ajuda profissional. “Eles não precisam entrar em detalhes técnicos e analisar riscos por conta própria”, conta Lienkha.

Sobre a possibilidade de aprovação, o chefe de mercados da YouHodler explica que o temor da SEC é que, ao aprovar um ETF, o mercado possa ser manipulado por grandes baleias.

“Teoricamente, isso pode acontecer se a SEC aprovar só um ou dois fundos de investimentos. Mas, caso o regulador decida registrar todos os oito ETFs, o risco de manipulação será altamente mitigado, porque essas empresas serão capazes de negociar entre si frequentemente. Elas ficarão em lados opostos”, conclui Lienkha.

Leia mais: