Dados on-chain mostram que os investidores mais afetados pelo esquema de pump and dump da memecoin Libra perderam um total combinado de US$ 251 milhões.

A empresa de pesquisa em blockchain Nansen descobriu que, dos 15.430 wallets que venderam com lucro ou prejuízo superior a US$ 1.000, mais de 86% delas venderam com prejuízo, somando US$ 251 milhões em perdas.

“Por outro lado, as outras 2.101 carteiras lucrativas conseguiram levar para casa cerca de US$ 180 milhões em ganhos realizados”, afirmou a Nansen em seu relatório de 19 de fevereiro, que examina os maiores vencedores e perdedores do token Libra (LIBRA), brevemente compartilhado pelo presidente argentino Javier Milei no X.

“Os insiders lucraram, o varejo foi prejudicado e os principais apoiadores se distanciaram”, observou a empresa. “Um punhado de carteiras saiu com milhões, enquanto a maioria dos traders ficou com perdas significativas.”

Aproximadamente 1.478 carteiras tiveram perdas realizadas entre US$ 1.000 e US$ 10.000, totalizando US$ 4,8 milhões em perdas combinadas.

Mais de 2.800 carteiras perderam entre US$ 10.000 e US$ 100.000, totalizando US$ 82,4 milhões; outras 392 carteiras perderam entre US$ 100.000 e US$ 1 milhão, com perdas somando aproximadamente US$ 96,5 milhões.

Outras 23 carteiras que perderam mais de US$ 1 milhão acumularam um total de US$ 40,9 milhões em perdas.

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Perdas totais registradas de carteiras que investiram no token LIBRA. Fonte: Nansen

A Nansen afirmou que os "15 endereços com maiores perdas" totalizaram US$ 33,7 milhões, com uma dessas carteiras ainda mantendo 57% do saldo inicial.

Curiosamente, a Nansen disse que a "maior perda realizada" veio da carteira do fundador da Barstool, Dave Portnoy, no valor de US$ 6,3 milhões. Portnoy foi um dos insiders do projeto, mas devolveu 6 milhões de tokens LIBRA a Davis — tokens que Portnoy havia recebido como pagamento pela promoção da memecoin.

Outra ação coletiva

O escritório de advocacia Burwick Law, que atualmente processa a Pump.fun e os criadores da memecoin Hawk Tuah (HAWK), afirmou que já está em contato com centenas de clientes que perderam dinheiro com a LIBRA e que irá explorar opções legais à medida que mais informações surgirem.

“Nossa prioridade é defender aqueles que foram afetados e ajudá-los a explorar possíveis caminhos para recuperação financeira”, disse o escritório de advocacia em 17 de fevereiro.

Os principais responsáveis pelo lançamento do token LIBRA foram o CEO da Kelsier Ventures, Hayden Davis, e o CEO da KIP Protocol, Julian Peh. O post de Milei no X, que foi deletado cerca de cinco horas depois, parece ser o principal catalisador por trás da ascensão e queda da memecoin.

O veículo de mídia local La Nacion afirma ter visto mensagens sugerindo que a irmã de Milei, Karina Milei, que atua como secretária-geral da presidência da Argentina, também pode ter estado envolvida. Hayden Davis, suposto remetente das mensagens, negou tê-las enviado.

Enquanto isso, Davis e a Kelsier Ventures foram alguns dos maiores beneficiários do lançamento do token LIBRA, afirmando ter lucrado cerca de US$ 100 milhões. Davis, no entanto, disse que não possuía diretamente os tokens e que não os venderia.

Enquanto isso, Milei também se distanciou da memecoin, argumentando que não "promoveu" o token LIBRA — como alegam os processos por fraude movidos contra ele — e que, em vez disso, apenas "divulgou" a existência do ativo digital.

O partido de oposição na Argentina está pedindo o impeachment de Milei.