A primeira emissora de stablecoin em iene do Japão, JPYC, afirmou que a crescente demanda pode transformar as reservas de stablecoins em uma nova força no mercado de títulos do país.
A empresa japonesa com sede em Tóquio, emissora da stablecoin pareada ao iene, disse que as emissoras podem se tornar compradoras importantes de títulos soberanos japoneses (JGBs) à medida que suas reservas aumentam.
O fundador e CEO da JPYC, Noritaka Okabe, declarou em comentários reportados pela Reuters que as reservas de stablecoins poderiam suprir a lacuna deixada pelo Bank of Japan (BOJ) à medida que este reduz suas compras de títulos.
A startup baseada em Tóquio, que lançou seu token lastreado em iene em 27 de outubro sob o marco legal revisado da Lei de Serviços de Pagamento do país, já emitiu cerca de US$ 930 mil em tokens até o momento e almeja alcançar uma circulação de US$ 66 bilhões nos próximos três anos.
O token é respaldado por uma combinação de depósitos bancários e JGBs, é totalmente conversível em iene e foi desenhado para operar sem atrito sobre infraestruturas de blockchain.
Emissoras de stablecoin como novas compradoras de títulos
Okabe disse que a JPYC planeja investir 80 % de seus recursos de emissão em JGBs e manter os 20 % restantes em poupanças bancárias, inicialmente focando em títulos de curto prazo. Ele acrescentou que a empresa pode considerar JGBs de prazo mais longo conforme a demanda crescer e os rendimentos permanecerem atraentes.
Esse tipo de alocação poderia dar às emissoras de stablecoins um papel significativo no mercado de dívida do Japão, onde o BOJ ainda detém cerca de metade dos US$ 7 trilhões do mercado de JGBs. À medida que o banco central reduz suas compras de títulos, novos compradores precisam absorver as emissões.
Por conta disso, Okabe lançou a ideia de que as reservas de stablecoins poderiam naturalmente preencher parte desse vácuo, vinculando a adoção da blockchain ao financiamento fiscal.
“Os volumes de JGBs que as emissoras de stablecoin compram serão influenciados pelo equilíbrio entre oferta e demanda por stablecoins”, disse Okabe, observando que essa tendência “acontecerá ao redor do mundo” e que o Japão não será exceção.
Adoção de stablecoins no Japão
Os comentários de Okabe vieram num momento em que as stablecoins seguem ganhando adoção no setor de finanças tradicionais japonesas.
Na sexta-feira, a Financial Services Agency (FSA), órgão regulador financeiro do país, apoiou um projeto de stablecoin pareada ao iene liderado pelas maiores instituições financeiras japonesas.
O regulador anunciou o “Payment Innovation Project”, iniciativa que envolve o Mizuho Bank, o Mitsubishi UFJ Bank, o Sumitomo Mitsui Banking Corporation, a Mitsubishi Corporation e sua divisão financeira, além da plataforma de emissão de stablecoin da MUFG (Progmat).
O órgão regulador afirmou que as empresas começarão a emitir stablecoins de pagamento ainda neste mês.