A Expert Blog é a nova série da Cointelegraph com artigos feitos por líderes da indústria da criptomoeda. A abrangência será desde a tecnologia Blockchain e criptomoedas até a regulamentação ICO e análise de investimentos. Se você quiser se tornar nosso autor convidado e ter seu artigo publicado na Cointelegraph, envie um e-mail para mike@cointelegraph.com.

Na semana passada, o presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko , assinou o Decreto "Sobre o Desenvolvimento da Economia Digital" que legaliza ICO, criptomoedas e contratos inteligentes. Dois meses atrás, a República da Abkházia anunciou seus planos de levantar $1 bilhão com um ICO. A Abkházia seguiu os passos da Venezuela, que foi o primeiro país a considerar a criptomoeda como um mecanismo de financiamento, com seu amplamente divulgado plano de lançar um token de petróleo chamado "Petro"

Porto Rico teve uma terrível década e seu governo está em dívida com um rombo de mais de $70 bilhões. Recentemente, a capitalização das criptomoedas estava em torno de $400 bilhões, porém, agora com mais de $500 bilhões. E que tal o ICO por $70 bilhões para criar um "crypto valley" lá nos EUA?

Governo nas nuvens

Em 1996, um dos fundadores da Electronic Frontier Foundation, John Perry Barlow, escreveu "A Declaração da Independência do Ciberespaço". O texto, que era muito adiantado para a época, dizia o seguinte:

"O ciberespaço consiste em transações, relacionamentos e pensamento, dispostos como uma onda permanente das nossas comunicações na web. Um mundo que está em todos os lugares e em nenhum lugar ao mesmo tempo, mas não é onde vivem os corpos físicos."

Os serviços digitais estonianos podem ser executados de qualquer lugar. Em épocas passadas, um governo no exílio perderia rapidamente a legitimidade. Abrigado em outro país, poderia faltar a infra-estrutura mínima para realizar a sua função. Mas hoje, um governo estoniano em exílio pode seguir em frente. Isso ajuda a esclarecer as diferenças entre uma nação, um estado e um país geográficamente falando.

No geral, uma nação é um grupo de pessoas dentro de uma área que se compreende como uma entidade única, um país é essa área geográfica em si, e um estado é um conjunto de organizações políticas às quais essas pessoas concordam em aderir. Alternando das bases terrestres para a base do silício, os estonianos estão protegendo a sua nação. Mas isso vai muito mais além. Os estonianos tem sucesso em seus esforços e são capazes de construir uma infra-estrutura digital estatal que pode ser hospedada em qualquer lugar. Não precisa ser um estado oficialmente reconhecido - se pudermos desterritorializar um estado, quem sabe possamos "criar um estado" de uma nação? Poderia ser protegido e desligado, reduzido a uma mala cheia de HDs, apenas para reiniciar novamente quando chegar a hora certa.

País como um serviço - CaaS

Você provavelmente está familiarizado com SaaS - "software como um serviço". Basicamente, é pagar por um software/hardware conforme sua utilização, ao invés de pagar por ele. Esses serviços costumam custar muito à você, mas agora são de graça (ou quase). Isso é para onde a governança está caminhando. Os serviços governamentais podem se tornar aplicativos "plug and play" que você costuma incluir para se adequar ao seu negócio ou estilo de vida. Não há uma razão lógica do porquê a governo não poderia funcionar como os SaaS (CaaS).

As mais interessantes (e promissoras) indústrias relacionadas ao Blockchain estão estritamente fora do cryptorealm - incluem soluções para cuidados de saúde e logística, suporte de venda de terra, soluções governamentais e de fluxo de trabalho corporativo.

A Estônia, líder mundial em governo eletrônico, lançou recentemente uma base unificada de dados de registros médicos, acessível aos hospitais e companhias de seguros, em parceria com o Starlight Guardlock da Blockchain. O Prescrypt trabalha na mesma linha em parceria com a SNS Bank e Deloitte na Holanda, e BitHealth - nos Estados Unidos.

O governo sueco juntamente com o ChromaWay e mais um banco parceiro vai testar os contratos inteligentes do Blockchain para o registro de terras para simplificar a vida de compradores, vendedores e bancos, usando terra como garantia de forma regular. O BitFury lança uma iniciativa similar na Geórgia, enquanto a BitLand entra em Gana e em Honduras (e tem planos de se expandir para Nigéria e Quênia). Emirados Árabes Unidos lança a estratégia Blockchain para se tornar uma nação digital até 2020.

O estado de Delaware , que hospeda inúmeras empresas de outros estados e países, está para apresentar um sistema de cadastro do Blockchain, emissão de ações, registro de resoluções do conselho, redistribuição de ações como resultado da compra e transações de vendas. O britânico Everledger auxilia bancos, seguradoras e mercados abertos em uma redução de risco e fraude certificando digitalmente diamantes, objetos de arte e garrafas de vinho de alta qualidade.

Em comparação com o foco atual nos investimentos iniciados no ICO baseados em Blockchain para startups, as iniciações da GovTech (para apoiar o crescimento e a construção do ecossistema de tais serviços) parecem muito promissoras:

https://www.slideshare.net/vsolodkiy/initial-country-offering-how-to-build-governmentinthecloud-or-countryasaservice

Governar é a próxima grande promessa dos ICOs e o do mundo Blockchain. Esse novo ecossistema, como "país sem fronteiras na nuvem" poderia ser como a criação de Israel 2.0. De qualquer forma, parece que é imprevidente falar sobre fronteiras geográficas no mundo moderno, especialmente em termos de economia descentralizada e de comunidade Blockchain.

Recentemente Vitalik Buterin escreveu:

“*Todas* as criptocomunidades, incluindo a Ethereum, deveriam ouvir essas palavras de advertência. Precisam diferenciar entre obter centenas de bilhões de dólares em riqueza digital e realmente conseguir algo significativo para a sociedade ".

Se tudo o que realizamos é memes e trocadilhos imaturos sobre gases, então eu vou largar mão.

Embora eu ainda tenha muita esperança de que a comunidade possa seguir na direção certa.

Talvez seja o momento certo para ele se tornar um verdadeiro "Lenin digital" (como muitos jornalistas o chamaram) - e criar esse novo país?

Vladislav Solodkiy é um sócio-gerente da Life.SREDA, fintech-VC, com sede em Singapura e autor do livro The First Fintech Bank’s Arrival.