O uso de Tether USD (USDT) nos sites de apostas tem crescido, aponta uma pesquisa da Bitrace publicada pelo coletivo Wu Blockchain nesta quarta-feira (14). Dados da pesquisa mostram que, somente em 2022, foram criadas 1.031 novas plataformas de apostas que aceitam USDT.
Uma informação compartilhada pela Bitrace chama atenção: 53% dos usuários que utilizam USDT em casas de apostas são chineses. As transações com criptomoedas estão banidas da China desde setembro de 2021.
Indústria de bilhões
Embora não revele a quantia depositada em USDT nas casas de apostas, a pesquisa indica que 5 milhões de ordens de depósito foram processadas em 2022. Foram analisados somente os depósitos das 20 maiores casas de apostas ao redor do mundo. Além disso, foram sacados US$ 4,2 bilhões em USDT entre 2021 e 2022.
O alto número de chineses utilizando USDT está ligado à proibição de plataformas de apostas na China. As stablecoins são a forma que as casas para apostas e os chineses encontraram de acessar esses serviços. Caso contrário, utilizando a moeda corrente do país, o acesso seria bloqueado.
Para processar a nova demanda por saques e depósitos em USDT, foram criadas 161 novas estruturas de pagamento com suporte para a stablecoin. Um relatório da Custom Markets Insights, publicado em setembro deste ano, revela que o tamanho da indústria de apostas era de US$ 58 bilhões em 2021. A previsão é que esse mercado atinja US$ 145,6 bilhões até 2030.
A inserção de stablecoins no mercado de apostas é, desta forma, uma possível via de adoção. A Bitrace salienta, contudo, que o uso de stablecoins em plataformas de apostas está relacionada à lavagem de dinheiro.
Apostas e USDT “sujo”
“Black U” é o nome dado ao USDT vinculado a atividades ilegais, como roubo, fraude e tráfico de drogas, diz a Bitrace. Segundo a pesquisa, as casas de apostas são usadas para lavar os USDT “sujos”.
O processo consiste em depositar stablecoins na casa de apostas e sacar para um endereço dentro de uma exchange. A plataforma funciona como uma espécie de mixer, onde USDT obtidos por meios ilegais são misturados com stablecoins legítimas. Dos US$ 4,2 bilhões retirados dessas plataformas, cerca de US$ 780 milhões foram para exchanges, distribuídos em 60 mil endereços diferentes.
A Bitrace destaca ainda que esse método gera consequências para as exchanges. A pesquisa menciona um caso ocorrido em setembro de 2022, quando usuários de sites de apostas transferiram seus fundos da plataforma para uma exchange. As stablecoins, porém, eram “Black U”, o que acionou as regras de controle da exchange e fez com que contas associadas às stablecoins fossem analisadas, ainda que não tivessem a ver com crimes.
Os fundos de alguns usuários, acrescenta a Bitrace, ficaram retidos por seis meses. “Isso causou um dano à imagem dos negócios conduzidos por essas instituições”, diz a pesquisa. A empresa conclui dizendo que o número de endereços ligados à lavagem de dinheiro através de casas de apostas está crescendo rapidamente.
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