Em meio às políticas de combate à crise causada pelo novo coronavírus, o Banco Central (BC) voltou a financiar o Tesouro Nacional com resultado cambial não realizado.

Assim, em videoconferência promovida pela QR Asset Management,  gestora de fundos multimercado baseados em Bitcoin e criptomoedas, Antônio Carlos D’Ávila, ex-auditor do Tribunal de Contas da União afirmou que essa prática configura emissão de moeda.

D’Ávila foi responsável pela assinatura do processo das pedaladas fiscais da ex-presidente Dilma Rousseff.

"Digo isso desde 2008. Em 2009 eu propus ao TCU fazer uma fiscalização para verificar se a transferência que a medida provisória estava obrigando o Banco Central fazer ao Tesouro não representaria um financiamento do tesouro ou uma emissão de moeda. No meu entendimento, isso é transferir ao Tesouro o papel de emitir moeda. Transferir ganho cambial não realizado financeiramente representa emissão de moeda não requerida pela economia", disse.

Impressão de dinheiro

Diferente do Bitcoin que tem um suprimento limitado e regido por um código imutável, Bancos centrais por todo o mundo têm emitido moeda para tentar controlar a crise financeira provocada pela pandemia do coronavírus.

Porém, neste caso o resultado é a desvalorização das moedas fiduciárias e a fuga dos investidores para ativos mais ‘resilientes’ como o ouro e sua versão digital, o bitcoin.

Para Theodoro Fleury, gestor da QR Asset Management, a grande adesão ao bitcoin e às demais criptomoedas em 2020 se deve, em parte, a esse processo de desvalorização.

"O bitcoin vai na direção contrária das moedas fiat, ele fica mais escasso com o passar do tempo enquanto os bancos centrais emitem cada vez mais dinheiro. Consequentemente as pessoas passam a recorrer aos ativos fortes, como o ouro, e cada vez mais o Bitcoin. Os mercados como um todo se recuperaram desde o auge da crise em meados de março, mas o bitcoin foi sem dúvida o que se recuperou mais rapidamente, atraindo muitos investidores", disse.

Ouro

Ainda segundo Fleury o ouro e o dólar também não são mais tão ‘moedas fortes’ como antes.

Assim, segundo ele, pesquisas mostram que investimentos em ouro tem ficado menos valiosos, assim como o poder de compra de uma onça de ouro e de U$ 1 tem diminuído ao longo do tempo.

Os dados são do Banco Mundial, das plataformas de compra e venda de metais preciosos GoldMoney e London Bullion Market Association (LBMA) e do U.S. Geological Survey.

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