O órgão regulador bancário da França está realizando verificações adicionais de combate à lavagem de dinheiro (AML) na Binance e em outras exchanges de criptomoedas, enquanto Paris pressiona por mais autoridade sobre o setor europeu de cripto sob o Regulamento de Mercados em Criptoativos (MiCA).

De acordo com uma reportagem da Bloomberg publicada na sexta-feira, a Autoridade de Supervisão e Resolução Prudencial da França (ACPR) está verificando a conformidade da Binance e de "dezenas de exchanges" com as leis de combate à lavagem de dinheiro. A reportagem citou fontes anônimas que observaram que as verificações começaram no ano passado e são confidenciais.

A ACPR teria instruído a Binance, em particular, a fortalecer seus controles de risco no ano passado. Um porta-voz da Binance disse ao Cointelegraph que “o engajamento com a ACPR é uma parte contínua da operação como empresa registrada para AML”.

O representante acrescentou que “as revisões são parte rotineira da supervisão regulatória da ACPR”. O porta-voz também destacou que, conforme mencionado nas reportagens, “a ACPR está realizando essas verificações em dezenas de exchanges”.

Essas inspeções visam garantir que as instituições estejam em conformidade com as normas, com foco em prevenção à lavagem de dinheiro (AML) e financiamento ao terrorismo (CFT). Como resultado das verificações realizadas no ano passado, a Binance teria sido orientada a reforçar sua conformidade e seus controles de risco.

As empresas geralmente têm alguns meses para corrigir as deficiências, muitas vezes contratando mais profissionais das áreas de conformidade ou tecnologia da informação para fortalecer os sistemas de risco e cibersegurança.

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Sede da ACPR em Paris. Fonte: Wikimedia

França intensifica disputa por poder

O aumento da fiscalização ocorre enquanto a França adota uma postura mais rigorosa em relação à indústria cripto e busca exercer maior influência na regulamentação europeia. Em meados de setembro, o país alertou que poderia tentar bloquear empresas de criptomoedas que operam localmente sob licenças obtidas em outros países da União Europeia.

Na época, o órgão regulador do mercado de capitais francês, a Autorité des Marchés Financiers (AMF), expressou preocupação com possíveis lacunas na aplicação das regras devido a padrões desiguais dentro da União Europeia. Isso enfraqueceria o sistema de “passaporte regulatório” introduzido pela Regulamentação Europeia de Mercados de Criptoativos, ou MiCA.

A presidente da AMF, Marie-Anne Barbat-Layani, reconheceu que tal medida representaria uma séria quebra de confiança nos mercados europeus, mas afirmou que “ainda é uma possibilidade que mantemos em reserva”.

França busca controle sobre o setor cripto da UE

No início deste mês, o Banco da França pediu que a União Europeia conceda à Autoridade Europeia dos Valores Mobiliários e dos Mercados (ESMA), com sede em Paris, o controle sobre a indústria de criptomoedas.

Galhau afirmou que depender de reguladores nacionais pode levar a uma aplicação desigual em toda a UE. A necessidade de aplicar as regras de forma consistente é particularmente urgente, visto que a indústria de criptomoedas está experimentando um rápido crescimento na região.

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