O metaverso acaba de chegar ao “cemitério de modismos fracassados da indústria.” Pelo menos, essa é a avaliação do escritor Ed Ziltron, CEO da agência de relações públicas voltada a negócios e tecnologia EZPR, em um artigo publicado na última segunda-feira (8) no Business Insider. Segundo ele, apesar do hype, a falta de coerência levou o metaverso ao declínio porque o mercado se voltou a uma tendência nova e promissora, a Inteligência Artificial (IA) generativa.
Ao dizer que o metaverso “está indo para o cemitério de ideias fracassadas da indústria de tecnologia”, Ziltron lembrou a histeria quase que coletiva provocada no mercado a partir das promessas grandiosas feitas pelo cofundador do Facebook Mark Zuckerberg em 2021, quando o executivo decidiu mudar o nome da gigante das mídias sociais para Meta, em alusão ao metaverso.
“Essas promessas grandiosas acumularam expectativas altíssimas no Metaverso […] Perfis brilhantes do Metaverso pareciam colocá-lo em um caminho louvável, mas a tecnologia real falhou em cumprir essa promessa durante sua curta vida”, destacou Ed Ziltron.
O CEO da EZPR disse que o metaverso, em sua “vida curta”, sofria de uma crise aguda de identidade e que não possuía requisitos básicos de prosperidade, como um caso de uso claro, público-alvo e disposição dos clientes em adotar o produto.
Em relação a Zuckerberg, Ziltron declarou que o CEO da Meta se tornou uma espécie de poeta do metaverso ao vender a ideia de um novo ciberespaço como "uma visão que abrange muitas empresas" e "o sucessor da internet móvel", porém sem apresentar soluções inerentes aos problemas de negócios que surgiriam com a proposta que, segundo ele, é antiga e remonta aos avatares dos anos de 1990 de jogos de RPG.
Apesar da indefinição de propósitos, o metaverso chegou ao hype no mundo dos negócios nos meses seguintes ao anúncio da Meta, o que transparecia que “todas as empresas tinham um produto em oferta no metaverso apesar de não ser óbvio o que era ou por que deveriam”, segundo o que observou Ed Ziltron.
“É claro que a indústria de criptomoedas pegou a bola e correu com ela: as pessoas por trás da empresa Bored Ape Yacht Club NFT enganaram a imprensa fazendo-a acreditar que carregar as fotos digitais de macacos em VR seria a chave para "dominar o Metaverso".. Mesmo empresas que pareciam ter pouco a ver com tecnologia aderiram. O Walmart se juntou ao Metaverso. A Disney se juntou ao Metaverso”, acrescentou.
Ele enfatizou que a pressa das empresas em migrarem para o metaverso levou os analistas de Wall Street a tentarem unificar as projeções de crescimento do ciberespaço, como a consultoria Gartner, que chegou a afirmar que 25% das pessoas passariam pelo menos um dia no metaverso até 2026.
“Apesar de todo esse hype, o Metaverso não levava uma vida saudável. Cada ideia de negócio ou projeção de mercado otimista foi construída sobre as vagas promessas de um único CEO. E quando as pessoas realmente tiveram a oportunidade de experimentá-lo, ninguém realmente usou o Metaverso”, emendou.
Entre outros números que destoaram os resultados inexpressivos obtidos de cifras bilionárias em torno de projetos do metaverso, o CEO da EZPR lembrou que a plataforma de metaverso Decentraland possuía apenas 38 usuários ativos em outubro do ano passado, apesar de um aporte de US$ 1,3 bilhão em seu ecossistema.
“O Metaverso adoeceu gravemente quando a economia desacelerou e o hype em torno da IA generativa cresceu […] Mas o Metaverse foi oficialmente retirado do suporte de vida quando ficou claro que Zuckerberg e a empresa que lançou a mania haviam mudado para pastos financeiros mais verdes. Zuckerberg declarou em uma atualização de março que o 'maior investimento individual da Meta é aprimorar a IA e incorporá-la a cada um de nossos produtos’", explicou.
Ziltron frisou que, embora a ideia de mundos virtuais ou experiências online possam sobreviver, o metaverso como negócio está morto e que ele não acredita que “Mark Zuckerberg tenha tido algum interesse real no ‘Metaverso’" ao argumentar que o CEO da Meta nunca pareceu definir o ciberespaço “além de um Facebook levemente modificado com avatares e hardware pesado.”
“Zuckerberg enganou todo mundo, queimou dezenas de bilhões de dólares, convenceu uma indústria de seguidores a se submeter à sua obsessão quixotesca e depois a matou no segundo em que outra ideia começou a interessar a Wall Street”, concluiu Ed Ziltron acrescentando que “não há futuro para o Meta com Mark Zuckerberg no comando”, prosseguiu.
No primeiro trimestre de 2023, a Meta apresentou resultados positivos que não puderam contar com os resultados obtidos pela divisão da empresa voltada ao metaverso, que amargou prejuízo de US$ 4 bilhões, conforme noticiou o Cointelegraph.
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