A agência internacional de classificação de crédito Fitch Ratings alertou que pode reavaliar negativamente bancos dos Estados Unidos com exposição “significativa” a criptomoedas.

Em um relatório publicado no domingo, a Fitch argumentou que, embora as integrações com cripto possam aumentar taxas, rendimentos e eficiência, elas também representam riscos “reputacionais, de liquidez, operacionais e de conformidade” para os bancos.

“A emissão de stablecoins, a tokenização de depósitos e o uso da tecnologia blockchain dão aos bancos oportunidades de melhorar o atendimento ao cliente. Elas também permitem que os bancos aproveitem a velocidade e a eficiência da blockchain em áreas como pagamentos e contratos inteligentes”, afirmou a Fitch, acrescentando:

“No entanto, podemos reavaliar negativamente os modelos de negócio ou perfis de risco de bancos dos EUA com exposições concentradas em ativos digitais.”

A Fitch destacou que, embora os avanços regulatórios nos Estados Unidos estejam abrindo caminho para um setor de criptomoedas mais seguro, os bancos ainda enfrentam diversos desafios ao lidar com ativos digitais.

“Os bancos precisam lidar adequadamente com desafios relacionados à volatilidade dos preços das criptomoedas, à pseudonimidade dos proprietários de ativos digitais e à proteção desses ativos contra perdas ou roubos, a fim de obter de forma adequada os benefícios de receita e fortalecimento da marca”, afirmou a agência.

Volatilidade do Bitcoin e do Ether em comparação com o S&P 500. Fonte: Fitch Ratings

A Fitch Ratings é uma das “Três Grandes” agências de classificação de crédito dos EUA, ao lado da Moody’s e da S&P Global Ratings.

As avaliações dessas empresas — frequentemente controversas — têm peso significativo no mercado financeiro, influenciando como empresas são percebidas e avaliadas em termos de viabilidade econômica.

Assim, um rebaixamento de rating pela Fitch em um banco com alta exposição a cripto poderia resultar em menor confiança de investidores, maiores custos de empréstimo e dificuldades de crescimento.

O relatório destacou que vários grandes bancos, incluindo JPMorgan Chase, Bank of America, Citigroup e Wells Fargo, estão envolvidos no setor de criptomoedas.

Fitch destaca riscos sistêmicos dos stablecoins

A Fitch também alertou que outro risco pode vir do crescimento explosivo do mercado de stablecoins, especialmente se ele se tornar grande o suficiente para impactar outros setores e instituições financeiras.

“Os riscos ao sistema financeiro também podem aumentar se a adoção de stablecoins se expandir, principalmente se atingir um nível capaz de influenciar o mercado de Treasuries”, afirmou a Fitch.

A Moody’s também destacou possíveis riscos sistêmicos dos stablecoins em um relatório publicado no final de setembro, argumentando que a ampla adoção de stablecoins nos EUA poderia, em última instância, ameaçar a legitimidade do dólar americano.

“A alta penetração de stablecoins vinculadas ao dólar, em particular, pode enfraquecer a transmissão monetária, especialmente quando precificação e liquidação passam a ocorrer fora da moeda doméstica”, disse a Moody’s.

“Isso cria pressões de criptoização análogas à dolarização não oficial, mas com maior opacidade e menor visibilidade regulatória”, acrescentou.