As criptomoedas e as startups de serviços financeiros baseados em tecnologias disruptivas, as chamadas fintechs, têm sido apontadas como uma grande revolução para o sistema financeiro, mas nem todo mundo concorda.

Segundo o advogado e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Jairo Saddi, as fintechs ainda previsam provar sua sustentabilidade e os serviços relacionados ao setor - entre eles o cripto e blockchain - não são propriamente uma revolução financeira.

O professor acaba de lançar um livro, "Fintechs: Cinco Ensaios", pela Editora Iasp, dedicado a explicar a explosão de empresas do setor, que deve ganhar ainda mais adeptos com o Pix e o Open Banking no ar em 2021.

Ele explicou ao Valor Econômico que apesar das tecnologias disruptivas, acredita que as fintechs representam "um jeito novo de oferecer essencialmente os mesmos serviços":

“Pagamentos instantâneos, open banking, bitcoins etc. certamente são novas tecnologias que têm a função de servir à mesma atividade bancária de intermediação, coleta e aplicação de recursos, por um lado, e prestação de serviços de custódia e transmutação, por outro”

Ele diz que o sistema financeiro nacional foi moldado historicamente em torno dos grandes bancos, mas as inovações tecnológicas permitiram que as fintechs trouxessem novas abordagens financeiras e ampliaram o acesso ao capital. Apesar disso, elas precisam provar que podem dar retornos reais para ampliar seu espaço no mercado.

Finalmente, ele diz que se o Open Banking - que prevê a portabilidade das informações financeiras da população e vai desbloquear novos produtos baseados em novas tecnologias - prosperar, a presença das fintechs deve se aprofundar, assim como a competição no sistema financeiro brasileiro.

Outro cenário possível apontado pelo professor seria seria o "free banking", com o mercado evoluindo para o fim de instituições financeiras, criando não fintechs mas "giantechs" e criptomoedas globais.

Outro setor ligado às criptomoedas e que tem sido apontado como uma "revolução financeira" por parte do mercado é o de finanças descentralizadas, ou DeFi, que explodiu no criptomercado em 2020. Os casos de uso fora do espaço cripto, porém, ainda não estão claros para as instituições financeiras.

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