O Istituto per le Opere di Religione (IOR), conhecido como Banco do Vaticano, negou qualquer ligação com um projeto falso de criptomoeda que afirma, de forma enganosa, ter vínculos com a instituição.
O token falso, chamado ‘Vatican Chamber Token’ (VCT), foi promovido em um site de phishing que afirmava oferecer um “convite formal para ingressar em uma das instituições econômicas mais exclusivas do mundo”. Os promotores diziam que a 'Vatican Chamber of Trade' estava aceitando novos candidatos “pela primeira vez em uma geração”.
O site chega a exibir o número real do Banco do Vaticano. Um representante do banco confirmou por telefone ao Cointelegraph que o projeto “é um golpe” e negou qualquer tipo de afiliação.
Golpe da ‘Vatican Chamber of Trade’ é exposto
O Cointelegraph não encontrou nenhuma instituição chamada ‘Vatican Chamber of Trade’ no Estado do Vaticano. Para aumentar a credibilidade do golpe, um link foi recentemente adicionado à página da Wikipedia do Banco do Vaticano, afirmando que a organização teria sido criada em 1950.
No entanto, o link aparece em vermelho, indicando a ausência de fonte e sugerindo que se trata de vandalismo. O histórico de edições mostra que a menção foi adicionada em uma segunda modificação da página, realizada em 11 de junho.
O site do projeto prometia que os membros aprovados teriam acesso a apresentações privadas com investidores, serviços de custódia e “reconhecimento e credibilidade”. Os membros também teriam acesso à pré-venda do falso token VCT, prioridade em ofertas de ativos tokenizados e eventos exclusivos.
Critérios de elegibilidade levantam suspeitas
O site lista critérios rígidos de elegibilidade, exigindo que os candidatos “administrem uma empresa ou projeto formalmente registrado e em conformidade com leis locais e internacionais”. Negócios tradicionais devem ter receita anual mínima de 100 mil euros (US$ 117 mil), enquanto projetos cripto precisam de pelo menos 300 mil euros em valor total bloqueado (TVL) ou 500 mil euros verificados em volume de negociação acumulado em 12 meses.
Os candidatos também devem estar alinhados eticamente com os valores centrais da organização, citados como transparência, responsabilidade, inclusão financeira e sustentabilidade.
Os promotores afirmam que o token VCT permitirá que investidores participem do crescimento econômico da ‘Vatican Chamber of Trade’ e que ele é lastreado por um portfólio diversificado de ativos tokenizados e iniciativas no mundo real.
A oferta total prometida do token é de 10 milhões de unidades, com preço fixado em 25 euros cada. O fornecimento circulante seria de 7 milhões, com 3 milhões, quase um terço do total, alocados para um fundo de reserva destinado a financiar “desenvolvimento futuro e estabilidade operacional”.
O botão “comprar token” redireciona o usuário para uma página da carteira Coinbase. No entanto, o redirecionamento vem de vaticantrade.cb.id, sugerindo que o site levava originalmente a uma página já deletada no domínio cb.id, controlado pela Coinbase.
A Coinbase permite que qualquer usuário registre um subdomínio do tipo “username.cb.id” gratuitamente, sem verificação de identidade (KYC), graças à integração com o Ethereum Name Service (ENS). Até o momento da publicação, a Coinbase não havia respondido ao pedido de comentário do Cointelegraph.
O caso ocorre em meio a diversas fraudes de alto perfil no setor cripto. Em janeiro, o pastor de Washington Francier Obando Pinillo foi acusado de 26 crimes de fraude por supostamente roubar mais de 1.500 investidores. O esquema Solano Fi — que ele alegou ter sido revelado em um sonho — pode render até 20 anos de prisão.