O ex-presidente da FTX dos EUA, Brett Harrison, está lançando um novo empreendimento que leva um dos instrumentos de negociação mais populares, e controversos, do mercado cripto para o sistema financeiro tradicional.
Sua startup, Architect Financial Technologies, recebeu aprovação nas Bermudas para oferecer contratos futuros perpétuos vinculados a ativos tradicionais, como ações, índices, commodities, moedas estrangeiras e taxas de juros, informou a Bloomberg na quarta-feira.
Os futuros perpétuos, ou “perpétuos”, permitem que traders assumam posições long ou short alavancadas sem data de vencimento. Para manter os preços alinhados aos mercados à vista, as exchanges utilizam um mecanismo de taxa de financiamento, um pagamento periódico entre posições compradas e vendidas que equilibra a demanda.
Originalmente popularizados pela BitMEX e, posteriormente, pela FTX, os perpétuos ajudaram a impulsionar o crescimento explosivo do mercado cripto, o volume mensal de negociações saltou para US$ 6,4 trilhões em 2025, ante US$ 35 bilhões em 2018.
Enquanto a FTX Global oferecia futuros perpétuos de cripto com alavancagem de até 100 vezes, a FTX dos EUA, onde Harrison atuava como presidente, operava como uma entidade separada e regulamentada e não oferecia esses produtos.
Mesmo assim, ambas as exchanges colapsaram em novembro de 2022, após uma grave crise de liquidez que revelou enormes déficits e acabou levando ao pedido de falência da FTX.
Alto risco, alta fiscalização
Apesar do sucesso, os perpétuos são considerados derivativos de alto risco, atraindo atenção e fiscalização de analistas e reguladores. A executiva da Coincall, Fenni Kang, alertou em maio que, para traders inexperientes, “os perpétuos podem ser uma bomba-relógio”.
Em entrevista ao Cointelegraph, Kang explicou que muitos traders utilizam margem em excesso, o que faz com que até pequenos movimentos do mercado possam gerar liquidações devastadoras.
Os futuros perpétuos também chamaram a atenção de órgãos reguladores. Em 2023, a Comissão de Negociação de Futuros de Commodities dos EUA (CFTC) alertou sobre a falta de proteções adequadas e práticas de liquidação frágeis.
Ainda assim, os perpétuos permanecem uma peça central das negociações de cripto, dominados por plataformas como Binance, OKX, Bybit e Bitget.