As empresas estão enxergando cada vez mais o Ethereum como um componente essencial de infraestrutura, o que tem impulsionado um aumento nas alocações de ETH nas tesourarias corporativas, segundo Ray Youssef, CEO do aplicativo financeiro NoOnes.
“O Ethereum começa a parecer um híbrido entre ação de tecnologia e moeda digital. Isso atrai estrategistas de tesouraria que buscam algo além de armazenamento passivo”, disse Youssef ao Cointelegraph.
As principais tesourarias corporativas em Ethereum compraram pelo menos US$ 1,6 bilhão em Ether (ETH) no último mês. Na segunda-feira, a BitMine, presidida por Tom Lee, da Fundstrat, revelou que possui 163.142 ETH, avaliados em cerca de US$ 480 milhões.
A SharpLink Gaming, fundada pelo cofundador do Ethereum Joseph Lubin, lidera as participações corporativas em ETH, com mais de 280.000 ETH até domingo, totalizando mais de US$ 840 milhões. A empresa adquiriu grandes quantidades nos últimos dias.
Outros compradores corporativos importantes incluem a Bit Digital, com mais de 100.000 ETH, e a Blockchain Technology Consensus Solutions (BTCS), que aumentou suas reservas para 29.122 ETH após levantar US$ 62,4 milhões. A GameSquare também anunciou um plano de tesouraria em ETH no valor de US$ 100 milhões.
Youssef disse que essa mudança mostra que a utilidade está rivalizando com a narrativa na hora das decisões institucionais. “O Bitcoin há muito é considerado o padrão ouro digital, mas o Ethereum está conquistando aos poucos as instituições que desejam alinhar seu balanço com as redes que impulsionam as finanças tokenizadas”, afirmou.
Rendimento do ETH e conformidade atraem instituições
Youssef afirmou que o rendimento via staking, a programabilidade e o roadmap voltado à conformidade tornam o Ethereum atraente para “empresas visionárias, especialmente aquelas já inseridas na economia digital”.
Ele previu que a influência do Ethereum continuará a crescer. “O Ethereum está se tornando cada vez mais a infraestrutura digital para ativos tokenizados, stablecoins e execução de contratos inteligentes, tornando-se a criptomoeda de reserva preferida por empresas que atuam nesses segmentos.”
A maioria das stablecoins e protocolos de ativos do mundo real (RWA) são construídos sobre o Ethereum ou blockchains compatíveis. De acordo com a RWA.xyz, o Ethereum domina o mercado de RWA com 315 projetos avaliados em US$ 7,76 bilhões, o que representa uma fatia de 58,1%.
Em seguida, aparece a solução de segunda camada do Ethereum ZKsync Era, que hospeda 37 projetos avaliados em US$ 2,27 bilhões e detém quase 17% do mercado. A Solana está em terceiro, com 79 projetos no valor de US$ 553,8 milhões e uma participação menor de 4,15%, embora tenha apresentado a maior taxa de crescimento, de 22,28%.
Youssef chamou o domínio do Ethereum nos títulos tokenizados do Tesouro dos EUA de o início de uma adoção mais ampla de produtos on‑chain de dívida, ações e rendimento. “O Ethereum fornece os padrões e a liquidez para que esses instrumentos prosperem”, disse ele.
Regulações ainda são um obstáculo
Youssef observou, no entanto, que a incerteza regulatória continua sendo uma barreira importante para a adoção do ETH nas tesourarias corporativas. Ele destacou a necessidade de uma orientação mais clara sobre como o staking é classificado, se é considerado um serviço, um valor mobiliário ou outra coisa.
Para que as empresas entrem nesse mercado, também é preciso clareza sobre contabilidade, tratamento tributário das recompensas de staking e padrões de custódia. “Grandes empresas tendem a agir devagar porque não podem se dar ao luxo de lidar com incertezas jurídicas. Uma vez que esses pontos forem resolvidos, a adoção vai acelerar.”