Instrumentos financeiros vinculados ao dólar dos EUA oferecem uma nova fronteira para mercados fora dos Estados Unidos. Essa é a aposta da Ethena Labs, uma startup que recebeu US$ 14 milhões em financiamento para um dólar sintético baseado em Ethereum.
A equipe da Ethena divulgou o financiamento em 16 de fevereiro, com o apoio da empresa de capital de risco Dragonfly, entre outros investidores. Uma rodada anterior de investimento em 2023 rendeu à startup US$ 6 milhões de Binance Labs, Gemini, Bybit, Mirana Ventures, OKX Ventures e Deribit para impulsionar soluções de finanças descentralizadas construídas na rede Ethereum.
O capital apoiará o USDe, um dólar sintético respaldado por estratégias de delta-hedging usando Ether apostado (ETH) como garantia. O produto acumulou US$ 200 milhões em valor total bloqueado desde seu lançamento em dezembro, segundo dados da DefiLlama.
“O USDe mantém seu alvo aproximado ao dólar dos EUA por meio de delta-hedging dos ativos fornecidos pelos usuários que cunham USDe para curto-circuitar garantias de Ethereum apostadas usando swaps perpétuos para alcançar estabilidade ‘delta-neutra’,” explicou a empresa em um comunicado compartilhado com o Cointelegraph.
Em outras palavras, o USDe mantém sua paridade com o dólar dos EUA por meio de uma combinação de estratégias de hedging. Ele usa derivativos financeiros, como arbitragem e contratos de swaps perpétuos, para garantir que o valor da moeda digital permaneça constante em relação ao dólar, uma abordagem diferente das stablecoins típicas que usam garantia direta ou métodos algorítmicos para manter seu valor.
“Vemos as stablecoins como o instrumento mais importante dentro da cripto e a única ideia que encontrou um verdadeiro ajuste de mercado, com mais de US$ 130 bilhões de demanda global apesar dos emissores internalizarem completamente o rendimento,” observou o CEO da Ethena Labs, Guy Young.
Por exemplo, o principal emissor de stablecoin, Tether Holdings Limited, registrou US$ 2,85 bilhões em “lucro líquido recorde” no último trimestre de 2023, impulsionado por rendimentos de suas reservas de Tether (USDT), incluindo cerca de US$ 1 bilhão em juros de títulos do Tesouro dos Estados Unidos — que respaldam a maioria dos ativos da stablecoin.
“Todo o espaço depende de stablecoins centralizadas com garantia de colateral residindo no sistema bancário - fornecer uma alternativa sintética de dólar cripto-nativa é, em nossa visão, a maior oportunidade dentro do espaço.”
No entanto, ter delta-hedging não significa que o dólar sintético esteja livre de riscos. Riscos de liquidez e contraparte em tempos de estresse de mercado e eventos inesperados estão sempre à espreita. Para mitigar tais riscos, a startup afirma ter garantias mantidas e liquidadas por empresas de grau institucional como Fireblocks, Copper e Bitgo.
“Stablecoins cresceram massivamente em popularidade nos últimos anos ao fornecer acesso a economias denominadas em USD e remessas para pessoas ao redor do mundo, mas sempre foram limitadas por um desses três problemas [estabilidade, censura e eficiência de capital]," disse Tom Schmidt, sócio geral na Dragonfly, chamando o produto sintético de “o santo graal dos dólares cripto.”
VEJA MAIS: