Golpistas utilizaram deepfakes para enganar um funcionário de uma empresa multinacional cujo nome não foi revelado, fazendo com que ele enviasse mais de US$ 25 milhões para os falsários em um esquema elaborado. Os criminosos apresentaram-se como executivos da empresa em uma reunião realizada por teleconferência on-line.

Em uma reportagem da Radio Television Hong Kong (RTHK), o Superintendente Sênior em exercício Baron Chan, da Divisão de Segurança Cibernética da Força Policial de Hong Kong, disse que o incidente ocorreu no mês passado, quando o funcionário recebeu uma mensagem falsa do diretor financeiro da empresa convidando-o para uma chamada de vídeo para discutir uma transação confidencial.

Os golpistas se fizeram passar por vários executivos falsos da empresa para convencer o funcionário a enviar US$ 25,5 milhões através de 15 transações para cinco contas bancárias diferentes.

Chan, membro da Força Policial de Hong Kong, discutindo o incidente na televisão. Fonte: RTHK

Chan acredita que os golpistas tiveram acesso a vídeos dos executivos da empresa para criar as suas respectivas versões deepfake.

"Acredito que o fraudador baixou os vídeos com antecedência e depois usou inteligência artificial para adicionar vozes falsas que foram usadas na videoconferência", disse Chan. "As pessoas na videoconferência se pareciam com as pessoas reais", enfatizou.

O funcionário só percebeu a fraude depois de consultar o escritório central da empresa.

A polícia revelou que esse foi o primeiro caso de fraude corporativa baseada em deepfakes relatada em Hong Kong. No entanto, tem havido um aumento acentuado de golpes de deepfake na região.

"Queremos alertar o público sobre essas novas táticas de fraude", enfatizou Chan.

"Podemos ver nesse caso que os fraudadores são capazes de usar a tecnologia de IA em reuniões on-line, portanto, as pessoas devem ficar atentas mesmo em reuniões com muitos participantes."

A Divisão de Segurança Cibernética faz parte da Força Policial de Hong Kong. Ela tem a tarefa de combater crimes tecnológicos e garantir que os cidadãos permaneçam seguros on-line. Parte dessa ação envolveu o lançamento de uma plataforma de metaverso em maio de 2023 para preparar os cidadãos locais para os "desafios futuros da segurança na era digital", com foco na prevenção de crimes tecnológicos.

Os deepfakes também chamaram recentemente a atenção dos congressistas dos Estados Unidos após a ampla circulação de fotos falsas de Taylor Swift. O deputado dos EUA, Joe Morelle, pediu a criminalização da produção de deepfakes no país.

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