Resumo da notícia

  • Elon Musk acumula US$ 500 bilhões, quase o dobro das reservas do Brasil.

  • Sete gigantes da tecnologia somam mais de US$ 479 bilhões em caixa.

  • Reservas brasileiras permanecem sólidas, mas desigualdade global de capital cresce rapidamente

O contraste entre o poder financeiro de indivíduos e empresas globais e a economia de um país inteiro nunca foi tão evidente.

Elon Musk, o homem mais rico do mundo, acumula uma fortuna estimada em US$ 500 bilhões, valor quase duas vezes maior que todas as reservas internacionais do Brasil, que somam US$ 358,5 bilhões, segundo o Banco Central.

As reservas brasileiras, formadas por títulos estrangeiros, moedas fortes e ouro, funcionam como um seguro econômico. Elas servem para garantir estabilidade cambial e proteger o país de crises externas.

O montante, atualizado em 14 de outubro de 2025, cresceu 8,75% em relação ao final de 2024, mostrando gestão prudente e foco na segurança financeira nacional.

Se Elon Musk decidisse aplicar toda a sua fortuna de US$ 500 bilhões na B3, o impacto seria sem precedentes na história financeira do Brasil. O valor total de mercado das empresas listadas na bolsa gira em torno de US$ 800 bilhões, o que significa que o bilionário poderia adquirir sozinho mais da metade de todas as ações negociadas no país.

Essa injeção de capital provocaria uma alta imediata e explosiva nos preços dos papéis, já que a simples demanda por ações superaria em muito a oferta existente. O Ibovespa, principal índice da bolsa, poderia dobrar ou até triplicar de valor em poucos dias, refletindo o entusiasmo inicial e o fluxo recorde de investimentos.

No entanto, o efeito seria também profundamente desequilibrador. Com tamanho poder de compra, Musk dominaria o mercado acionário brasileiro, tornando-se o principal acionista de dezenas de companhias estratégicas, incluindo bancos, mineradoras, petroleiras e gigantes de energia.

Essa concentração de poder levantaria preocupações regulatórias e políticas, já que nenhum investidor individual jamais controlou uma fração tão significativa da economia de um país emergente.

Musk ultrapassa fronteiras financeiras

A fortuna de Elon Musk se consolidou após a recente valorização das ações da Tesla, que renderam US$ 9,3 bilhões em apenas um dia. O bilionário detém 12% da montadora, o equivalente a US$ 191 bilhões, e ainda possui 42% da SpaceX, avaliada em US$ 400 bilhões. Sua participação representa US$ 168 bilhões adicionais.

Além disso, Musk é dono de 53% da xAI Holdings, avaliada em US$ 60 bilhões, e ainda tem opções de ações da Tesla que, mesmo sob disputa judicial, somam US$ 133 bilhões. Com isso, ele se tornou o primeiro bilionário da história a atingir meio trilhão de dólares.

Esse patamar coloca Musk acima do valor total das reservas cambiais brasileiras, o que evidencia a concentração de riqueza nas mãos de poucos indivíduos e a força crescente do setor de tecnologia na economia global.

Um estudo da Elos Ayta Consultoria revelou que as sete maiores empresas de tecnologia do mundo (Alphabet, Microsoft, Amazon, Nvidia, Apple, Meta e Tesla) possuem juntas US$ 479 bilhões em caixa. O número também supera o total das reservas do Brasil, mostrando como o capital corporativo global ultrapassou o poder financeiro de muitos governos.

Entre as líderes, Alphabet detém US$ 95,1 bilhões, seguida por Microsoft, com US$ 94,6 bilhões, e Amazon, com US$ 93,2 bilhões. Mesmo empresas menores como Nvidia e Meta mantêm liquidez superior à de vários bancos centrais de países emergentes.

Reserva de Bitcoin

Como noticiou o Cointelegraph, recentemente o Tesouro Nacional e o Banco Central decidiram agir em conjunto para impedir a votação de um projeto de lei que criaria uma reserva de Bitcoin para o governo brasileiro.

A proposta, de autoria do deputado Eros Biondini (PL-MG), obrigaria o país a destinar 5% das reservas internacionais para a compra de BTC, hoje aplicadas majoritariamente em títulos públicos dos Estados Unidos e outros ativos como ouro e Yuan.

O projeto de lei 4.501/2024, que tramita na Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara, chegou a receber parecer favorável do relator, deputado Luiz Gastão (PSD-CE).

Segundo o relator, a alocação de uma fração controlada das reservas em criptoativos como o Bitcoin pode funcionar como instrumento de diversificação de portfólio, reduzindo a exposição exclusiva a moedas fiduciárias sujeitas a choques geopolíticos ou políticas monetárias internacionais.

A inclusão do texto na pauta, no entanto, provocou uma reação imediata da equipe econômica. A pedido do Tesouro e do BC, dois parlamentares governistas, os petistas Zé Neto (BA) e Vander Loubet (MS), solicitaram a retirada da proposta de votação.

Sem previsão de nova data para análise, a matéria deve ficar parada por tempo indeterminado. A estratégia, segundo fontes próximas ao governo, é ganhar tempo e evitar um debate político que possa ser interpretado como resistência a inovações financeiras em um momento de alta volatilidade global nos criptoativos.

A imagem do governo no mercado de criptomoedas já está bem desgastada. Desde que assumiu o governo a equipe de Lula vem tentando impor tributos ao mercado de criptomoedas, na iniciativa mais recente, a MP 1303, a intenção era criar um imposto de 18% para todos os trades com criptomoedas.

No entanto, a proposta acabou caducando na Câmara e não foi votada após forte articulação da oposição e da Frente Parlamentar de Livre Mercado. Além disso, declarações recentes do BC sobre a inclusão de stablecoins no mercado de câmbio também desagradou o setor, aumentando ainda mais a insatisfação do público cripto com o governo.