Pelo menos alguns dos principais detentores da memecoin de Donald Trump que se inscreverem para participar de um jantar privado com o presidente podem estar fora dos Estados Unidos.

Segundo uma reportagem da Bloomberg publicada em 7 de maio, com base em uma análise dos principais detentores do token TRUMP, 19 das 25 maiores carteiras no ranking usaram exchanges estrangeiras que excluem clientes baseados nos EUA, o que sugere que sejam estrangeiros ou norte-americanos vivendo no exterior. Além disso, mais da metade dos 220 maiores detentores — grupo elegível para se inscrever no jantar com o presidente — também usaram exchanges de outros países.

Top 10 detentores da memecoin TRUMP em 7 de maio. Fonte: Memecoin Trump

Até 7 de maio, as identidades dos maiores detentores de tokens e daqueles que poderiam optar por se inscrever para o jantar de Trump em 22 de maio e o “tour VIP especial” ainda eram desconhecidas. No entanto, o projeto afirmou que qualquer um que se inscrevesse não poderia levar convidados, teria que passar por uma verificação de antecedentes e “não pode ser de um país da lista de observação de KYC (Conheça Seu Cliente)”.

As implicações de dezenas ou centenas de detentores da memecoin estarem potencialmente ligados a governos estrangeiros e grupos de interesse levantaram preocupações éticas por parte de alguns legisladores dos EUA, que alegam que Trump estaria envolvido em corrupção do tipo “pague para participar”. Pelo menos um senador pediu o impeachment do presidente, afirmando que Trump estava “vendendo acesso em troca de pagamentos que, na prática, vão diretamente para ele”.

Preocupações com memecoin estão atrasando legislação cripto

Parlamentares democratas da Câmara dos Representantes e do Senado já estão resistindo a considerar qualquer legislação relacionada a cripto até que os republicanos abordem as preocupações sobre a “corrupção cripto de Trump”. O Senado deve votar em 8 de maio um projeto de lei para regulamentar stablecoins, enquanto republicanos da Câmara apresentaram recentemente uma minuta de discussão de um projeto de lei sobre estrutura do mercado de ativos digitais.

O então presidente eleito Trump lançou a memecoin em 17 de janeiro — três dias antes de assumir o cargo — seguido pelo lançamento de um token próprio por parte da primeira-dama. Duas empresas ligadas a Trump controlam cerca de 80% da oferta da memecoin.

O lançamento da memecoin e sua possível influência sobre o presidente e sua agenda já motivaram algumas empresas a aderirem. Em 30 de abril, uma empresa de gestão logística de transporte anunciou um investimento de US$ 20 milhões no token TRUMP, sugerindo que pretende influenciar a guerra comercial de Trump entre os EUA e o México, onde a empresa realiza grande parte de seus negócios.