A gigante de pagamentos Visa anunciou um aumento significativo na adoção de pagamentos digitais na América Latina desde que a crise socioeconômica causada pelo coronavírus começou. A subida coincide com o aumento do uso de ativos digitais na região.
Apesar de países da América Latina estarem bem atrás de países desenvolvidos no uso de pagamentos digitais ao invés de dinheiro em espécie, parece que a nova situação social causada pelo coronavírus está impulsionando a digitalização dos pagamentos na região.
De acordo com o diretor de produtos da Visa, Jack Forestell, mais de 13 milhões de portadores de cartões Visa na América Latina fizeram sua primeira compra digital de comércio eletrônico durante o trimestre fiscal de março.
Um dos motivos do aumento deve ser a adoção de novas medidas sugeridas por órgãos internacionais.
A OMS e o CDC recomendaram que as pessoas de todo o mundo aderissem às opções de pagamento sem contato em vez de dinheiro em espécie no início da pandemia.
"Estamos vendo uma aceleração maciça em direção à adoção do comércio eletrônico", disse Forestell.
O aumento do número de pagamentos digitais na região também está sendo acompanhado pelo aumento de interesse no Bitcoin na América Latina.
Cidadãos de áreas como El Salvador e Argentina estão aumentando o uso do Bitcoin como uma solução alternativa para armazenar riqueza, fazer pagamentos internacionais e pagar por compras diárias.
Em áreas sem uma infraestrutura financeira digital robusta ou onde as moedas nacionais estão perdendo valor rapidamente, o volume de Bitcoins negociados vem aumentando.
Dados da exchange p2p LocalBitcoins mostram o quanto o interesse no ativo digital aumentou na região.
Todos os países da América Latina, como Argentina, Brasil, Chile, Peru, Venezuela, estão mostrando uma tendência crescente nas moedas locais sendo convertidas em Bitcoin.
Ainda não está claro a velocidade que o Bitcoin será adotado na região, pois o ativo ainda é muito novo para ser usado predominantemente como moeda concorrente.
Enquanto isso, as stablecoins denominadas em dólar oferecem outro tipo de dolarização.
O fundador de uma exchange de criptomoedas argentina Federico Ogue, disse que muitos usuários que estão comprando criptomoedas pela primeira vez são atraídos por stablecoins denominados em dólares, como a Dai.
Segundo Ogue, esses novos clientes tendem a comprar pequenas quantidades. Mesmo assim, ele disse que havia tantos usuários novos durante a pandemia que os volumes quase dobraram no dia de pico de negociação em abril.