A indústria cripto deveria parar de usar a métrica popular market to net asset value (mNAV), pois ela é imprecisa e enganosa para os investidores, afirma Greg Cipolaro, chefe global de pesquisa da NYDIG.

“A definição da indústria de ‘mNAV’ precisa ser deletada e esquecida”, escreveu Cipolaro em nota publicada na sexta-feira. “‘Market cap to Bitcoin/digital asset value’, a definição original de mNAV, não é uma métrica útil para nada.”

Ele acrescentou que o mNAV não leva em conta empresas de tesouraria que conduzem outros negócios além da compra e custódia de grandes quantidades de cripto, nem representa corretamente a dívida conversível das companhias.

Traders e investidores usam o mNAV, também chamado de múltiplo do valor patrimonial líquido, para determinar o valor das empresas e quando comprar e vender suas ações, comparando as reservas em cripto com a capitalização de mercado.

Empresas que possuem mais cripto do que seu valor de mercado são consideradas negociadas com desconto, enquanto aquelas mais valiosas que suas reservas são negociadas com prêmio.

Métrica está “enganando” investidores

“Na melhor das hipóteses, é enganosa; na pior, é desonesta”, disse Cipolaro.

Segundo ele, o motivo é duplo: o mNAV “não dá crédito” a empresas de tesouraria cripto que possuem operações e ativos fora das criptomoedas, como as vendas de software da Strategy.

A Semler Scientific, empresa de dispositivos médicos que se tornou uma empresa de tesouraria de Bitcoin, tem negociado com desconto em relação aos seus ativos em criptomoedas desde agosto, em meio a uma forte concorrência. Fonte: NYDIG

“O NAV [valor patrimonial líquido] é o que importa no jogo de aumentar ativos digitais/ação, não o valor da empresa ou, Deus me livre, a capitalização de mercado”, escreveu Cipolaro.

Ele disse que se uma empresa de tesouraria consegue gerar rendimento, outro indicador-chave para investidores, pode emitir ações a um prêmio sobre o seu valor patrimonial líquido.

Dívida ignorada pelo mNAV

Outro motivo para abandonar o mNAV, segundo Cipolaro, é que a métrica usa “ações em circulação presumidas”, que provavelmente incluem dívidas conversíveis ainda não transformadas em ações.

“Quando você examina a parte da dívida conversível, as coisas desmoronam”, escreveu. “Contabilizar automaticamente a dívida conversível como patrimônio não é correto do ponto de vista contábil ou econômico.”

Detentores de dívida conversível “exigiriam dinheiro, não ações, em troca de sua dívida”, disse ele.

“Isso é uma responsabilidade muito mais onerosa para uma DAT [tesouraria de ativos digitais] do que simplesmente emitir ações”, acrescentou, já que a dívida conversível é “essencialmente uma forma de colher volatilidade” e as empresas de tesouraria são “incentivadas a maximizar a volatilidade de sua própria ação”.

Difícil prever se fusão Strive–Semler é um bom negócio

A nota de Cipolaro veio após a aquisição da Semler Scientific pela Strive na segunda-feira, a primeira vez que uma empresa de tesouraria cripto adquiriu outra.

O acordo prevê que acionistas da Semler recebam 21,05 ações da Strive para cada ação da Semler, enquanto os acionistas da Strive “ganham um aumento no NAV/ação — essencialmente, um ‘yield’”, explicou ele.

Cipolaro disse que o negócio “funciona para ambos, embora com algum trabalho”, já que os acionistas da Semler “estão recebendo suas ações avaliadas acima” do valor patrimonial líquido por ação tanto do papel existente quanto da nova empresa formada na fusão.

O valor patrimonial líquido por ação da Strive era de US$ 1,14 na sexta-feira, enquanto a empresa resultante da fusão provavelmente terá um NAV por ação de US$ 1,32.

“Quanto a onde essa ação vai negociar no fim, isso é mais difícil de prever”, disse Cipolaro. “Dependerá, em última instância, do prêmio ou desconto em relação ao NAV que os investidores atribuírem ao papel.”