As liquidações diárias de criptomoedas quase triplicaram neste ciclo, à medida que o aumento do interesse em aberto e a atividade nas exchanges alimentam um mercado cada vez mais alavancado.
De acordo com um novo relatório da Glassnode e Fasanara, a média diária de liquidações em futuros subiu de cerca de US$ 28 milhões em posições long e US$ 15 milhões em shorts no último ciclo para US$ 68 milhões em longs e US$ 45 milhões em shorts no ciclo atual.
Isso ficou mais evidente em 10 de outubro, durante o evento que os pesquisadores chamaram de “Sexta-Feira Negra Antecipada”. Durante a liquidação, mais de US$ 640 milhões por hora em posições long foram eliminados à medida que o Bitcoin (BTC) caiu de US$ 121.000 para US$ 102.000. O open interest despencou 22% em menos de 12 horas, de US$ 49,5 bilhões para US$ 38,8 bilhões, em um dos episódios de desalavancagem mais acentuados da história do Bitcoin, segundo a Glassnode.
A atividade em futuros aumentou fortemente, com o interesse em aberto atingindo o recorde de US$ 67,9 bilhões. Os volumes negociados nesses mercados também dispararam, chegando a US$ 68,9 bilhões em um único dia em meados de outubro, com os contratos perpétuos representando mais de 90% da atividade, conforme o relatório.
Volume à vista do Bitcoin dobra
O volume de negociação à vista do Bitcoin também dobrou em relação ao ciclo anterior, atingindo uma faixa diária entre US$ 8 bilhões e US$ 22 bilhões, segundo a Glassnode. Durante o crash de 10 de outubro, o volume à vista por hora disparou para US$ 7,3 bilhões — mais que o triplo dos picos recentes —, à medida que os traders aproveitaram para comprar na queda em vez de abandonar o mercado.
O relatório afirma que, desde o lançamento dos ETFs à vista de Bitcoin nos Estados Unidos, no início de 2024, o processo de descoberta de preço do ativo passou a ocorrer mais no mercado à vista, enquanto a alavancagem se concentrou nos futuros. Essa mudança atraiu capital para os principais ativos, elevando a participação de mercado do Bitcoin de 38,7% no fim de 2022 para 58,3% atualmente.
Os fluxos de capital reforçam a mesma tendência: as entradas mensais em Bitcoin variam entre US$ 40 bilhões e US$ 190 bilhões, elevando sua capitalização realizada para o recorde de US$ 1,1 trilhão e adicionando mais de US$ 732 bilhões à rede desde o fundo do ciclo de 2022 — mais do que em todos os ciclos anteriores combinados.
“Isso destaca um ambiente de mercado mais institucionalizado e estruturalmente maduro”, afirmou a Glassnode.
O ciclo atual cobre o período desde o fundo do mercado em novembro de 2022 até o presente. O ciclo anterior se refere principalmente ao comportamento do mercado durante o bull market de 2021 até o crash de 2022.
Bitcoin rivaliza com a Visa como rede de liquidação
O relatório também destacou o papel do Bitcoin como uma rede de liquidação, agora rivalizando com as maiores plataformas de pagamento do mundo. Nos últimos 90 dias, a rede do Bitcoin processou US$ 6,9 trilhões em transferências, superando os volumes movimentados pela Visa e pela Mastercard no mesmo período.
Enquanto isso, o fornecimento de Bitcoin está migrando gradualmente dos ambientes de varejo para mãos institucionais. Segundo a Glassnode, cerca de 6,7 milhões de BTC estão atualmente em ETFs, balanços corporativos e tesourarias centralizadas e descentralizadas. Desde o início de 2024, os ETFs sozinhos absorveram cerca de 1,5 milhão de BTC, enquanto os saldos em exchanges centralizadas diminuíram.