Memecoins promovidas por figuras políticas como Donald Trump, regulamentações brandas e processos relacionados a cripto arquivados por reguladores dos EUA deram início a um “superciclo do crime” no setor cripto, segundo dois investigadores de crimes na blockchain.

O investigador ZachXBT publicou no X na quinta-feira que o setor cripto historicamente tem sido propenso a abusos, mas que isso “aumentou visivelmente desde que políticos lançaram memecoins e vários processos foram arquivados, o que incentivou ainda mais esse comportamento”.

Ele afirmou que influenciadores e formadores de opinião do setor cripto enfrentam “zero consequências” por enganarem seus seguidores.

“Dito isso, nunca houve pior momento para atuar como black hat, aplicar phishing, engenharia social ou assaltos, em comparação com atividades gray hat, quando o ambiente atual é tão favorável”, acrescentou ZachXBT.

Fonte: ZachXBT

Regulação lenta também é um fator

A falta de regulamentação e a ineficiência em coibir projetos que não divulgam anúncios pagos ou outros comportamentos semelhantes também contribuíram para o chamado superciclo, de acordo com ZachXBT.

“Se tivessem gastado tempo regulando isso, em vez de perseguirem desenvolvedores de código aberto ou protocolos descentralizados consolidados, não seria tão prevalente, só é assim porque nunca houve consequências reais”, afirmou.

Mais de US$ 2 bilhões foram perdidos em hacks cripto no primeiro trimestre de 2025, sendo US$ 96 milhões em golpes de phishing e mais de US$ 300 milhões em rug pulls, segundo relatório da empresa de cibersegurança Hacken, divulgado em abril ao Cointelegraph.

Mudança improvável enquanto golpistas lucram

A investigadora da blockchain Taylor Monahan também comentou, dizendo que é improvável que golpistas no setor mudem seu comportamento enquanto continuarem sendo recompensados com lucros altos.

“Não há barreiras sociais, financeiras ou legais relevantes para esse tipo de comportamento. Além disso, é extremamente fácil e há muito dinheiro rápido envolvido”, afirmou Monahan.

Fonte: Tay

Monahan acredita que o setor cripto vive um “momento difícil” por ainda abrigar muitos hackers e golpistas.

“A maioria foi com tudo nos últimos dois ciclos, como golpes românticos, [Coreia do Norte], malware as a service. Se o cripto acabasse amanhã, o ransomware seria o maior prejudicado”, afirmou.

A lei alcança alguns golpistas

Apesar disso, alguns golpistas do setor cripto estão enfrentando a justiça por seus crimes. Em um comunicado divulgado na quarta-feira, autoridades do Departamento de Justiça dos EUA anunciaram a apreensão, pelo Serviço Secreto, de mais de US$ 225 milhões ligados a golpes de investimento em cripto.

Em maio, um homem da Nova Zelândia foi preso por envolvimento em uma operação global de fraude com criptomoedas que teria roubado 450 milhões de dólares neozelandeses (US$ 265 milhões).