Os investimentos em empresas do mercado cripto caíram 9,8% entre fevereiro e março de 2023, totalizando US$ 789,15 milhões. Os dados são do DefiLlama. Apesar da queda, os investimentos em Web3, finanças descentralizadas, NFT e infraestrutura cresceram.

No somatório do primeiro trimestre, fundos de capital de risco injetaram US$ 2,23 bilhões no setor blockchain. O valor é 75% inferior ao total do captado por empresas relacionadas a ativos digitais no primeiro trimestre de 2022. 

Infraestrutura segue liderando

As soluções de infraestrutura para o mercado de criptomoedas receberam bastante atenção dos fundos de investimento em 2023, exibindo um crescimento de 53% no volume de capital alocado entre janeiro e março. Em março, US$ 444,15 milhões foram destinados a este setor. 

A rodada de investimento que mais se destacou neste segmento foi a da Ledger, fabricante de carteiras em hardware, que captou US$ 109 milhões. A EigenLayer, protocolo focado em melhorar a segurança do Ethereum através do processo de “restaking”, também recebeu uma quantia significativa. Blockchain Capital, Coinbase Ventures e Polychain Capital investiram US$ 50 milhões no projeto.

Investimentos em Web3 crescem

A Web3 foi mais uma área de interesse dos fundos de capital de risco em março, com US$ 80,5 milhões destinados a projetos desse setor. O crescimento foi de 20% em relação a fevereiro. 

A maior rodada de captação foi conduzida pela OP3N, plataforma que une funcionalidades da Web2 à Web3 através de um super app. Dragonfly Capital, Galaxy Digital, Republic Crypto, Connect Ventures e Animoca Brands investiram US$ 28 milhões no OP3N.

Mesmo com o interesse renovado dos fundos em Web3, o total investido no setor em março ainda é 51% menor em comparação aos US$ 164,7 milhões alocados em projetos deste segmento durante janeiro.

Mais um salto em GameFi

Os investimentos nos jogos focados em Web3 já haviam saltado 292,2% entre janeiro e fevereiro. Um novo salto foi dado entre fevereiro e março, após fundos aportarem US$ 146 milhões em projetos da área. O crescimento foi de 38%.

A plataforma de jogos Believer ficou com o maior aporte entre as iniciativas de jogos para Web3. Foram US$ 55 milhões investidos por Lightspeed Venture Partners e a16z. A desenvolvedor CCP Games também recebeu uma injeção significativa de capital ao captar US$ 40 milhões de seis diferentes fundos.

DeFi recebe mais atenção

Os investimentos em finanças descentralizadas (DeFi, na sigla em inglês) se mantiveram no mesmo patamar nos dois primeiros meses de 2023. Foram US$ 40,96 milhões investidos em aplicações descentralizadas em janeiro, e US$ 40,7 milhões alocados em fevereiro. Em março, no entanto, US$ 62,8 milhões foram destinados a empresas criando projetos em DeFi, um crescimento de 54,3%.

A exchange descentralizada (DEX) Mauve conduziu a maior rodada de captação, obtendo US$ 15 milhões da Coinbase e da gestora Brevan Howard. A Metatime captou US$ 11 milhões, e é outra DEX recebendo atenção de fundos. 

Retorno dos NFTs

Em janeiro, fundos investiram US$ 40 milhões em projetos relacionados a tokens não-fungíveis (NFTs, na sigla em inglês). Após uma queda drástica nos investimentos destinados ao setor em fevereiro, um interesse renovado foi visto em março, com US$ 40,7 milhões captados.

O maior investimento foi recebido pelo estúdio responsável pela coleção Bored Ape Yacht Club, o Yuga Labs. O leilão de Ordinals, colecionáveis digitais criados na blockchain do Bitcoin, captou US$ 16,5 milhões. 

Outro investimento considerável foi destinado ao Few and Far, marketplace de NFTs criado na blockchain Near. Foram captados US$ 10,5 milhões para a expansão da plataforma.

Queda geral

A queda no montante investido por fundos de capital de risco não foi vista apenas no setor de ativos digitais. Os investimentos em empresas do mercado financeiro tradicional somaram US$ 76 bilhões no primeiro trimestre de 2023. No mesmo período em 2022, o valor aportado por fundos foi de US$ 162 bilhões. A queda foi de 53%, apontam dados do Crunchbase.

O cenário macroeconômico é tratado como responsável, aponta a publicação do Crunchbase, e o colapso do Silicon Valley Bank (SVB) serviu como agravante.

“O impacto não foi limitado às startups dos Estados Unidos, o SVB era o banco escolhido por startups ao redor do mundo [...] Investidores e fundadores correram para assegurar que seus fundos sejam suficientes para arcar com os pagamentos, enquanto diversas startups enfrentam possíveis fechamentos por falta de fundos”, diz a publicação.

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