A agência nacional de defesa cibernética da China fez fortes acusações sobre o suposto papel dos Estados Unidos no hack multibilionário da LuBian, que já foi um dos principais pools de mineração de Bitcoin da China.

O Centro Nacional de Resposta a Emergências de Vírus de Computador da China (CVERC), uma agência estatal de defesa cibernética, publicou no domingo um relatório de análise técnica sobre os 127.272 Bitcoins (BTC) roubados no hack da LuBian.

Embora o ataque tenha ocorrido em dezembro de 2020, ele permaneceu amplamente desconhecido do público até recentemente, quando a Arkham o relatou em agosto como o “maior hack de Bitcoin da história”.

A análise do CVERC foi divulgada algumas semanas depois de os Estados Unidos apresentarem uma ação civil de confisco referente a 127.271 BTC (avaliados em cerca de US$ 14,5 bilhões) em um processo criminal contra Chen Zhi, fundador do Prince Group, que supostamente era o proprietário dos BTC mantidos pela LuBian antes do hack.

EUA já detinham os Bitcoins apreendidos, diz a China

Ao apresentar formalmente o pedido de confisco da fortuna de US$ 14,5 bilhões em meados de outubro, o governo dos EUA já mantinha os ativos sob custódia, de acordo com a acusação.

“Esses fundos estão atualmente sob custódia do governo dos Estados Unidos”, observava o comunicado, acrescentando que a ação representa a “maior medida de confisco da história do Departamento de Justiça”.

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Fonte: tier10k

O CVERC destacou que o governo dos EUA não revelou na acusação como obteve acesso aos fundos e afirmou que os EUA controlam os ativos há mais de um ano, citando dados da Arkham.

Segundo esses dados, um endereço rotulado como “LuBian.com Hacker” enviou 120.576 BTC, quase todo o seu saldo, para um endereço identificado como “US Government: Chen Zhi Seized Funds” em uma única transação realizada em 5 de julho de 2024.

Transações de endereços “LuBian.com Hacker” para “US Government: Chen Zhi Seized Funds” em julho de 2024. Fonte: Arkham

O CVERC afirmou que os Bitcoins roubados permaneceram inativos por quase quatro anos após o hack, até que os fundos foram “totalmente assumidos pelo governo dos EUA” no ano passado.

O órgão acrescentou que o longo período de inatividade dos Bitcoins antes da apreensão “é claramente inconsistente com o comportamento típico de hackers comuns, que buscam sacar e lucrar rapidamente”.

“Parece mais uma operação precisa, orquestrada por uma organização estatal de hackers.”

O relatório do CVERC também afirmou que Chen Zhi e o Prince Group enviaram repetidas mensagens ao endereço do hacker por meio de transações de Bitcoin de cerca de US$ 23 cada, pedindo a devolução dos BTC roubados e oferecendo uma recompensa, mas não receberam resposta.

O relatório acrescenta uma dimensão geopolítica a um dos roubos de criptomoedas mais misteriosos da história.

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Chen Zhi/Prince Group pediram repetidamente ao hacker a devolução dos fundos roubados usando mensagens on-chain. Fonte: Blockchain.com/Arkham

De acordo com a Arkham, o lote de Bitcoins provenientes da LuBian representa pelo menos 39% dos 326,5 mil BTC (US$ 34,2 bilhões) mantidos em endereços associados ao governo dos EUA no momento da publicação.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou recentemente que o país está “muito à frente da China e de todos os outros” em adoção de criptomoedas. “A China está entrando com força total nisso agora”, disse ele em entrevista ao programa 60 Minutes, da CBS News, em 2 de novembro.