O CEO do Banco Inter, João Vitor Menin, deu entrevista ao portal Consumidor Moderno e disse que acredita ser "pouco factível" que grandes empresas de tecnologia, as chamadas big techs, sejam protagonistas de sistemas de pagamentos como o proposto pelo projeto da stablecoin Libra, do Facebook.

Segundo Menin, a iniciativa Libra sofre de uma resistência muito grande dos reguladores, devido à complexidade regulatória das diversas jurisdições mundiais:

"Muito se discute se as big techs vão entrar no mercado bancário. Vemos a iniciativa do Libra, que é uma criptomoeda, mas ao mesmo tempo vai poder ser transacionada. Mas existe um push back muito forte dos reguladores, o que é natural porque cada país tem sua divisa, tem sua regulação.  [...] Esses sistemas são complexos. [...]

Hoje, a tecnologia permite muita coisa, mas esbarra no regulatório. A gente vem da crise de 2008, que parece que tem muito tempo, mas que afetou absurdamente o sistema mundial. Por isso, os bancos centrais ficaram muito preocupados e começou a ter os relatórios de estabilidade dos bancos, com a proteção aos “too big to fail“, os bancos sistemicamente importantes. Pensar nas big techs tomando conta, sendo protagonistas dos sistemas de pagamentos, eu acho pouco factível, acho que vão ajudar de outras formas, mas é um futuro difícil de prever."

Ele completou dizendo que não vê o Banco Inter competindo com bancos ou big techs, mas "consigo mesmo".

Ele ainda falou sobre a proposta dos grandes bancos ao Banco Central do Brasil de regular as fintechs e bancos digitais como as instituições tradicionais.

Segundo ele, o BC estimula a competição com igualdade entre bancos tradicionais e fintechs, descartando que a entidade esteja sendo "boazinha" com a indústria financeira digital:

"Acho que a agenda BC+ está tentando fazer com que as fintechs e os bancos menores e digitais tenham condição de igualdade de competição. Porque estão fazendo isso? Porque viram que é saudável para o sistema financeiro nacional que você tenha mais competidores, que você tenha uma população bancarizada maior, e que não tenha uma economia paralela porque, assim, o BC consegue fazer seu papel de defender a moeda.

Não é que o Banco Central está sendo bonzinho com as fintechs ou com bancos menores, ele está fazendo o correto. A agenda BC+ continua ainda mais forte com a gestão do Roberto Campos, e ela tem tentado enquadrar as estruturas diferentes em obrigações diferentes."

Como noticiou o Cointelegraph Brasil, em agosto o Banco Inter anunciou um "superapp" que teria função de pagamento e aceitaria BTC e criptomoedas por meio de NFC.