Nos últimos anos o DREX, nome oficial dado para o Real Digital, vem chamando a atenção e levantando algumas dúvidas, como a questão de entender se essa moeda digital do Banco Central do Brasil vai ser a mesma coisa que uma criptomoeda.
Para entrar nesta questão é preciso explicar o papel do Bitcoin no mercado. O Bitcoin não é a única criptomoeda que existe, no entanto é a principal por isso utilizarei esse ativo como exemplo.
A proposta do Bitcoin é ser uma moeda assim como o real, o dólar e o euro, só que totalmente digital, que não possui nenhum governo ou instituição no controle e que utiliza a criptografia para garantir a privacidade de seus usuários. A ideia é ser uma moeda do mundo, onde cada pessoa que possui Bitcoin é dona do seu próprio dinheiro.
Para que todas as transações na rede do Bitcoin sejam seguras, já que não tem um banco central no controle, o Bitcoin utiliza uma tecnologia conhecida como blockchain, que garante a segurança e a transparência das transações.
No caso de uma CBDC (Central Bank Digital Currency), ou seja, moeda digital de banco central, seu objetivo é representar a moeda tradicional só que de forma digital. No entanto existem diversas diferenças entre uma criptomoeda, comprovando que os criptoativos foram apenas uma inspiração para que bancos e governos “modernizassem” seu sistema financeiro.
O próprio Banco Central já frisou que o real digital não é um criptoativo.
Atualmente, pelo menos 90 países vêm desenvolvendo suas CBDCs, porém, em cada local ela deverá funcionar de uma forma, tendo uma proposta específica.
No caso do DREX, nossa CBDC brasileira, ela não vai rodar em uma blockchain pública como é a do Bitcoin, mas utilizará uma blockchain permissionada, ou seja, que possui grande segurança mas que apenas poderá ter acesso quem for autorizado, sendo assim o acesso será restrito e o Banco Central poderá controlar o que acontece dentro dela.
Vale destacar que o Banco Central vem utilizando para o desenvolvimento do DREX a HyperLedger Besu, uma blockchain permissionada, mas que usa componentes da rede do Ethereum.
A vantagem neste caso é que com o uso dessa blockchain específica o Banco Central poderá criar e gerenciar aplicativos descentralizados, como a criação de contratos inteligentes, de tokens e até mesmo caso queira poderá acessar o DeFi (finanças descentralizadas).
Mas talvez você esteja se perguntando. O PIX já não é o nosso Real Digital?
Acredito que a junção do PIX com o DREX que é o nosso real digital, isso porque o PIX é utilizado para efetuar pagamentos do dia a dia, como um restaurante, mercado, enfim.
Já o DREX também será utilizado como dinheiro, mas para operações condicionadas, ou seja, ele possibilitará que o seu dinheiro só saia da sua conta se você receber um produto ou um serviço que contratou. Dessa forma, ambas as partes garantem a segurança, e tudo isso é feito através dos contratos inteligentes que já são utilizados no universo cripto.
Citei o caso da CBDC que está sendo criada aqui no Brasil, mas em outros países a proposta de funcionamento varia.
O que é importante enfatizar é que as criptomoedas seguem sendo importantes e tendo um papel único, afinal seu objetivo é diferente do que vem sendo construído pelos bancos centrais.
Os governos apenas estão modernizando o seu sistema com infraestruturas que já são utilizadas pelas criptomoedas.
Então quando for implementado, não será mais necessário utilizar o dinheiro físico caso a pessoa queira, uma operação poderá ser feita com maior segurança através do DREX, e tudo isso mostra que a tecnologia vem contribuindo para a evolução do nosso sistema tradicional.