O Bitcoin ultrapassou a marca de US$ 104 mil nesta quinta, 08, levantando dúvidas sobre o próximo movimento da criptomoeda. Com a alta,os traders com posições em short perderam quase US$ 1 bilhão em liquidações.

No entanto, apesar do otimismo, o analista Jason Pizzino alerta para uma possível correção do Bitcoin caso a recuperação do mercado de ações não se sustente.

Ele observa que o índice S&P 500 (SPX) pode sofrer uma queda no segundo trimestre, o que historicamente impacta o preço do Bitcoin devido à correlação entre os ativos. Segundo Pizzino, o gráfico de 20 anos do S&P 500 indica um padrão de oscilação que pode arrastar o BTC para baixo.

Pizzino afirma que, após semanas de alta, o Bitcoin costuma passar por um período de correção, especialmente durante o segundo trimestre. Ele também destaca a correlação inversa entre o Bitcoin e o Índice do Dólar Americano (DXY). O analista explica que a queda do dólar pode abrir caminho para um novo impulso de valorização da criptomoeda.

À medida que o dólar enfraquece, o Bitcoin vem ganhando espaço como uma espécie de “porto seguro” para investidores, semelhante ao ouro. Essa visão é compartilhada por outros especialistas, que veem no movimento atual uma busca por ativos alternativos em tempos de incerteza econômica. A pressão compradora também está ligada ao recente crescimento da Ethereum (ETH), que acompanhou o movimento positivo do BTC, registrando sua maior alta diária desde 2021.

Já o perfil @CryptooSeneR comentou no X que o Bitcoin finalmente "saiu do marasmo" e voltou a ganhar força, impulsionando também o Ethereum. Segundo ele, os gráficos mostram um aquecimento do mercado, mas ainda resta a dúvida: será que esta é a tão esperada ruptura de alta ou apenas mais um “falso rompimento”?

Os níveis críticos para o Bitcoin

O analista @Ebugod também fez uma leitura otimista, destacando que tanto o Bitcoin quanto o ouro vêm registrando ganhos robustos nos últimos 12 meses. Ele observa que a crescente percepção do BTC como um ativo de reserva de valor fortalece a narrativa de que o mercado cripto está se consolidando como um porto seguro em meio à volatilidade econômica.

Segundo o analista Slobodan Drvenica da Windsor Brokers, a quebra do nível de Fibo 61,8% da retração de US$ 109.582/74.389, reforçada pela média móvel ascendente de 10 dias (10DMA), oferece um suporte sólido que, idealmente, deve conter as quedas e proporcionar níveis melhores para reentrar no mercado de alta, protegendo os pivôs inferiores na zona de US$ 93.600 (antiga base mais alta).

"As barreiras imediatas acima de US$ 100 mil estão na zona de US$ 101.000/101.250 (banda superior de 20 dias de Bollinger / Fibo 76,4%), com uma aceleração de alta mais forte visando os níveis de US$ 102.600 e US$ 106.400. A violação desses níveis pode revelar um novo recorde histórico (US$ 109.582) e a resistência de US$ 110 mil.

Resistências: 100.000; 101.000; 101.250; 102.600.
Suportes: 97.957; 96.138; 93.527; 91.986.

Bitcoin 'volta para casa' e US$ 100 mil deve ser mantido

Segundo Sebastián Serrano, CEO e cofundador da Ripio, a alta para US$ 100 mil é um retorno ao patamar que muitos investidores já consideravam natural. Para Serrano, o retorno a esse preço é como "voltar para casa" para o mercado cripto, que vê no valor de seis dígitos uma consolidação dos fundamentos da criptomoeda.

Nos primeiros meses de 2025, o Bitcoin passou por uma correção que os analistas consideram típica e lógica, após o forte desempenho registrado em 2024. A criptomoeda passou meses tentando romper a barreira dos 100 mil dólares, especialmente após o último halving, que ocorreu em 12 de março de 2024. No entanto, o preço só atingiu essa marca em 4 de dezembro, após nove meses de expectativas e oscilações.

"Durante esse período, a marca dos US$ 100 mil atuou como um ponto psicológico de resistência, levando muitos investidores a realizarem lucros ou a girarem seus ativos. Além disso, o mercado também sofreu com as liquidações típicas de fim de ano e com os reflexos da guerra comercial e das políticas tarifárias globais, o que contribuiu para uma fase de correção e movimentos laterais ao longo dos primeiros quatro meses deste ano", disse.

Além disso, ele aponta que o retorno à casa dos US$  100 mil tem gerado otimismo no mercado, especialmente com a expectativa de um aumento que oscila entre 4% e 5% no curto prazo. Grande parte desse novo impulso pode estar ligada a uma mudança na percepção global sobre o Bitcoin como reserva de valor.

"Enquanto economias ao redor do mundo enfrentam inflação e desemprego, com ativos tradicionais sofrendo quedas acentuadas e volatilidade, o Bitcoin parece dissociar-se desse padrão. O discurso recente do Fed dos EUA apontou para preocupações econômicas, enquanto o Bitcoin manteve sua proposta original de ser um ativo seguro e descentralizado", afirma.

Ele finaliza apontando que a adoção institucional continua a crescer, com empresas e até países aderindo ao ativo digital. Nos EUA, avançam os debates sobre a criação de uma reserva estratégica de criptoativos, reforçando a posição do Bitcoin no cenário econômico.

Para Serrano, essa fase representa uma mudança de época, onde o valor de seis dígitos reflete com mais precisão a relevância da criptomoeda no mercado global.