A empresa de análise de blockchain Bubblemaps identificou o que afirmou poder ser o maior ataque Sybil da história das criptomoedas, apontando cerca de 100 carteiras recém-financiadas que reivindicaram 9,8 milhões de tokens MYX, avaliados em US$ 170 milhões, em um recente airdrop.
Em uma série de postagens no X, na quarta-feira, a Bubblemaps revelou que as carteiras receberam quantias semelhantes de BNB (BNB) da exchange de criptomoedas OKX com poucos minutos de diferença entre elas, quase um mês antes do airdrop.
“Todos estão falando sobre a MYX atingindo US$ 17 bilhões em FDV, uma valorização de 20x em menos de 48 horas”, escreveu a Bubblemaps. “Mas notamos algo incomum. Algo que ninguém está mencionando”, acrescentou.
A empresa de análise destacou que essas carteiras não tinham atividade prévia e reivindicaram MYX quase ao mesmo tempo, por volta de 5h30 de 7 de maio. “É difícil acreditar que isso foi aleatório”, disse a Bubblemaps, sugerindo que pode ser o “maior airdrop Sybil de todos os tempos”.
MYX responde às alegações de Sybil
Em resposta às acusações de Sybil, a MYX Finance defendeu sua distribuição de tokens, alegando que as recompensas foram baseadas em negociações reais e contribuições de provedores de liquidez. A plataforma também citou mecanismos de proteção contra Sybil em sua campanha “Cambrian”.
No entanto, a MYX admitiu que alguns usuários de alto volume solicitaram alterações de endereço antes do lançamento e disse que tais pedidos foram permitidos para incentivar a participação.
“Como uma DEX perpétua descentralizada, sempre priorizamos a participação dos usuários, e mesmo em casos em que uma única entidade participa extensivamente, reconhecemos e respeitamos essa participação”, afirmou a MYX.
A Bubblemaps rejeitou a resposta da MYX como vaga e até mesmo gerada por IA, alegando que isso “de alguma forma torna as coisas ainda mais suspeitas”.
No momento da redação, a MYX era negociada a US$ 17,33, com alta de 6,47% nas últimas 24 horas, segundo dados do CoinMarketCap. No entanto, o valor está mais de 12% abaixo da máxima histórica de US$ 18,52 registrada na terça-feira.
Dentro de uma fazenda de airdrop com 30.000 celulares
Como relatou a Cointelegraph Magazine em julho, a manipulação de airdrops cripto se tornou um negócio sofisticado. No Vietnã, Corey Wilton, CEO da Mirai Labs, visitou uma fazenda de celulares equipada com mais de 30.000 dispositivos, cada um com cartões SIM, IPs falsificados e impressões digitais únicas, para imitar usuários reais e explorar distribuições de tokens.
A operação vai além da “farming”. Seu principal negócio é a fabricação: coletar celulares usados, modificá-los e vender “kits de fazenda de airdrop” internacionalmente. Esses kits, com cerca de 20 aparelhos cada, permitem que compradores simplesmente conectem e comecem imediatamente a simular atividade em múltiplas carteiras.
Controlados por um único dispositivo central, centenas de celulares podem operar em sincronia, o que é ideal para contornar os sistemas de detecção de Sybil usados na maioria das campanhas da Web3.