Em 2023, o fluxo de capital direcionado aos fundos com exposição a criptomoedas foi de R$ 11,1 bilhões, apontam dados do relatório “2023: Digital Asset Fund Flows Annual Report”, da gestora CoinShares. O crescimento foi de 173% em comparação a 2022. Na lista de países elencados no relatório, contudo, o Brasil é um dos dois que apresentou fluxo negativo, com R$ 170 milhões retirados ao longo do ano passado.

Os fundos com exposição ao Bitcoin (BTC) dominaram o recebimento de aportes dos investidores, com R$ 9,7 bilhões alocados nesses instrumentos de investimento. Em comparação a 2022, o crescimento no fluxo de capital foi de 400%.

Já os fundos cripto apostando na queda do BTC exibiram a entrada de R$ 300 milhões no ano passado, um fluxo significativamente menor. Além disso, houve uma queda de 45% no fluxo.

AUM de fundos de criptomoedas por ativo de exposição. Fonte: CoinShares

Após saldo negativo de R$ 715 milhões em 2022, o Ethereum (ETH) voltou a despertar o interesse dos investidores, que direcionaram R$ 390 milhões aos fundos expostos ao criptoativo. De qualquer forma, com exceção de 2022, o fluxo de capital dos fundos de ETH é o menor desde 2018.

Os fundos ligados ao preço da Solana (SOL), por outro lado, apresentaram entradas de R$ 835 milhões no ano passado. Esse montante representa, aproximadamente, 20% do total de ativos sob gestão (AUM, na sigla em inglês) dos fundos de SOL.

Crescimento em AUM

O aumento no fluxo de capital direcionado aos fundos cripto, consequentemente, aumentou o total de ativos sob gestão desses instrumentos de investimento. Em 2023, o AUM total registrado foi de R$ 255,2 bilhões, valor 134% maior em comparação aos R$ 109 bilhões vistos em 2022.

Os fundos de BTC somam R$ 180,8 bilhões em AUM globalmente, com crescimento de 164% anual. Em comparação, os fundos expostos à ETH contam com R$ 49,3 bilhões em AUM, o que mostra a preferência incontestável dos investidores em relação ao BTC na exposição através de fundos.

As cestas de ativos oferecidas através de fundos, ou ‘fundos multiativos’, apresentam o terceiro maior volume de AUM no relatório da CoinShares, totalizando R$ 16,3 bilhões. Os fundos expostos à SOL aparecem distantes, com R$ 4,2 bilhões sob gestão.

Ano negativo no Brasil

Em 2022, brasileiros aportaram R$ 695 milhões em fundos de criptoativos. O contraste foi significativo em relação a 2021, quando R$ 250 milhões foram retirados desses instrumentos de investimento pelos investidores no Brasil.

No ano passado, o fluxo negativo de capital se repetiu, com brasileiros reduzindo em R$ 170 milhões suas exposições no mercado de criptomoedas através de fundos. 

O relatório da CoinShares, no entanto, considera apenas os fundos da gestora Hashdex. James Butterfill, head de research da gestora, justificou que os fundos geridos pela Hashdex são os únicos disponíveis no terminal da Bloomberg, que é a fonte de onde ele extrai os dados.

AUM de fundos de criptomoedas por país. Fonte: CoinShares

De qualquer forma, o AUM dos fundos brasileiros de criptomoedas é de R$ 2,2 bilhões, de acordo com o fechamento de 2023 feito pela CoinShares. O Brasil está na frente de países como Austrália e França, mas muito distante da Suécia, cujos fundos cripto somam R$ 11,9 bilhões em AUM.