O volume de negociação de Bitcoin (BTC) no Brasil e a cotação do dólar estão intimamente ligados. Mais do que a cotação do BTC, é a cotação do dólar que define quando um dia é bom ou não para negociar a maior criptomoeda em valor de mercado.
Carlos Lain, CEO da exchange PagCripto, explica como funcionam as movimentações de grandes volumes de Bitcoin no Brasil.
BTC é a moeda de troca
A falta de ‘fazedores de mercado’ institucionais faz com que a liquidez para operações com Bitcoin no Brasil sejam mais caras, diz Lain. Desta forma, é possível encontrar preços melhores em exchanges internacionais na hora de comprar ou vender BTC. Nesse momento, já é possível criar uma relação com a cotação do dólar.
“É mais barato comprar dólares com bancos e, com esses dólares, comprar Bitcoin em exchanges estrangeiras de alta liquidez”, explica o executivo da PagCripto. O que ocorre, então, é uma arbitragem entre dólar e real (USD/BRL), e dólar e Bitcoin (BTC/USD).
A arbitragem mencionada por Lain ocorre através da diferença no preço do dólar dentro das exchanges e no mercado cambial brasileiro. Por exemplo, se o dólar comercial está custando R$ 5,20, enquanto dentro da exchange o dólar equivale a R$ 5,32, há a possibilidade de usar Bitcoin para movimentar os valores e lucrar com a diferença.
Ou seja: primeiro, o dólar é adquirido a um preço atraente junto aos bancos no Brasil; o montante em dólar, então, é usado para comprar Bitcoin em uma exchange internacional a um preço menor; por fim, o Bitcoin é vendido dentro do país por real a uma cotação maior do que o custo inicial de aquisição do dólar.
É esse processo que representa boa parte do volume de Bitcoin negociado no Brasil, afirma Lain. Por isso as condições de preço são tão importantes. “Tudo depende da diferença de preço, que impactará diretamente no lucro. Esse tipo de operação vem com muitas taxas.”
É coisa de doleiro?
A arbitragem utilizando as cotações do Bitcoin e do dólar não se confundem com as atividades dos chamados ‘doleiros’, salienta Carlos Lain. “O doleiro é caracterizado por operar dólar num mercado paralelo, sem autorização das autoridades e, por isso, já consideram como evasor de divisas e lavador de dinheiro.”
No caso das operações de arbitragem com dólar e Bitcoin, quem fornece a liquidez para o câmbio são as autoridades brasileiras. Por isso, todo o processo é lastreado em contratos com o Banco Central, com o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) recolhido pelo banco. O Banco Central, inclusive, reconhece a importação de criptomoedas no balanço oficial.
As plataformas que viabilizam operações no mercado de balcão, também conhecido pela sigla em inglês OTC, trazem liquidez para o mercado de criptomoedas brasileiro por meio
“Nada disso é próximo de uma ação de ‘doleiragem’, mas sim como importação de produto, já que o saldo é enviado diretamente para corretoras de criptomoedas e precisam ser comprovados junto aos bancos para posterior documentação no Banco Central, com a aquisição das criptomoedas no mesmo montante monetário enviado”, esclarece o CEO da PagCripto.
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