O saldo final do mercado de capitais do Brasil em março mostra o tamanho do impacto da chegada da pandemia de coronavírus ao país, com a economia em contração, dólar disparando e o Ibovespa anotando perdas históricas, com seis circuit breakers no mês, recorde do mercado.
O mês começou com o pânico pela queda brusca do petróleo no começo do mês, levada pela guerra de preços entre Rússia e Arábia Saudita. Em março, os contratos futuros do petróleo Brent caíram 60%, chegando a meros US$ 26,35 por barril.
O Ibovespa acumulou quase 30% de queda, indo aos 73.000 pontos, na maior queda desde 1998, quando a crise da Rússia derrubou mercados globais. O real ainda perdeu 16% com relação ao dólar, maior tombo desde 2011, com a moeda estadunidense chegando agora aos R$ 5,19.
A sequência de circuit breakers na bolsa de valores também foi inédita. Entre 9 e 18 de março, a bolsa de valores parou seis vezes em oito pregões. Nunca na história do mercado de capitais brasileiro foi necessário interromper as negociações tantas vezes seguidas em uma semana.
A crise ainda deve se aprofundar, com praticamente 1/3 do mundo em quarentena ou lockdown para tentar frear a contaminação do vírus, impactando desde os mercados de capitais até governos e empresas.
A duração do confinamento da população ainda é incerta, o que eleva a necessidade de governos usarem suas reservas para diminuir o impacto social da pandemia. No Brasil, o governo federal é criticado pela demora em tomar tais ações e pelo recorrente comportamento irresponsável do presidente Jair Bolsonaro. Além da crise sanitária, da crise econômica, o presidente também provoca desarticulação e crises políticas, agravando o risco dos investidores.
Enquanto isso, o Bitcoin mostrou em março correlação com os mercados de ações, especialmente com o índice S&P 500. No mês, a maior criptomoeda caiu de US$ 8.676 para US$ 6.475, perdas de cerca de 26%.
O mercado cripto, que vinha em ascensão desde o começo de 2020, acompanhou a correção do Bitcoin e quase todas as moedas do Top 20 registraram perdas de dois dígitos. A capitalização de mercado de todas as criptomoedas caiu de US$ 250 bilhões para US$ 167 bilhões, uma derrapada de 34% no mês.