A bolsa de valores brasileira tem o pior desempenho do mundo diante da crise econômica causada pela pandemia de coronavírus, segundo levantamento do banco americano Goldman Sachs. É a pior queda do mercado desde a crise de 2008.

Em dólar, o Ibovespa já perdeu 56% de seu valor, enquanto as perdas em real estão na ordem de 45%. Não há outro mercado de ações com pior desempenho em 2020.

Em comparação com as bolsas que mais perderam valor em dólar, a segunda e terceira piores são África do Sul e Indonésia, que mesmo assim estão quase 10% acima do Brasil, com perdas de 47,19% e 46,86%.

O real também está entre as moedas com pior desempenho no ano. A moeda brasileira já caiu mais de 21%, ficando atrás em desvalorização apenas das moedas do México (25,8%), Noruega (24,5%) e Rússia (22,16%).

Na segunda-feira de volta aos pregões, o Ibovespa caiu mais de 5% e o dólar fechou em R$ 5,13, e a terça-feira promete alguma recuperação para os investidores de ações: o Ibovespa abriu em alta de mais de 8% e o dólar caiu para R$ 5,10. Resta ver como o mercado se comporta no resto do dia.

Enquanto isso, o Bitcoin também dá sequência em seu crescimento, chegando a US$ 6.677, alta de quase 6% no dia.

Governo Federal bate cabeça

As ações do governo federal diante da crise de coronavírus não têm sido capazes de aplacar os efeitos econômicos da pandemia no mercado de ações. Ontem, o Banco Central prometeu injetar mais de R$ 1,2 trilhão no sistema bancário brasileiro, com o presidente Roberto Campos Neto ressaltando que o Bacen tem "arsenal para enfrentar qualquer tipo de crise". Ele também descartou quebras no sistema bancário.

Enquanto isso, o Ministério da Economia ainda tem divulgado medidas esparsas e desagradando especialistas, como no caso da MP trabalhista da última segunda-feira, que chegava a permitir a suspensão de 4 meses dos contratos de trabalho sem pagamento de salários e FGTS, sem contemplar medidas para os trabalhadores. 

O desencontro terminou com uma série de justificativas desencontradas entre Paulo Guedes e o presidente Jair Bolsonaro, que disse que "não leu" o texto e revogou o artigo. O governo promete uma outra MP com benefícios aos trabalhadores.

A crise política ainda levou Bolsonaro a amenizar o tom bélico e falar em "união" com governadores. Apesar disso, Bolsonaro atacou os comandantes dos Estados ainda no domingo, dizendo que "o povo vai saber quem está falando a verdade" sobre o coronavírus e colocando os governadores de um lado e Bolsonaro e seu clã olavista do outro.

Os governadores ainda recorreram ao Supremo Tribunal Federal para suspender as dívidas com a União, com o STF acatando o pedido.

Ainda no fim da noite desta segunda-feira, uma série de empresários bolsonaristas, como Luciano Hang, Roberto Justus e Junior Durski, foram às redes sociais defender uma suposta "rápida volta à vida normal" em nome da economia, "contra o desemprego", não deixando de minimizar o número potencial de mortos pela pandemia no país. As declarações não repercutiram bem.

O presidente da Eurásia, Ian Bremmer, ainda classificou o presidente brasileiro como "mais ineficaz" na resposta ao coronavírus no mundo. O Brasil tem uma das curvas mais agudas da doença entre os países ocidentais e contabilizou quase 2.000 casos e 34 mortes até aqui.