O colapso na FTX e a queda de mais de 20% no preço do Bitcoin (BTC) não é tão ruim como os investidores de varejo podem estar pesando. Na verdade, segundo Temple Melville, CEO da Scotcoin Project Community Interest Company (CIC), esta foi a melhor coisa que aconteceu para o mercado de criptomoedas em 2022.

Melville levanta dúvidas sobre onde realmente foi parar os quase US$ 50 bilhões dos clientes da FTX. Segundo ele, as autoridades devem investigar se ouve realmente gastos desfreados e mal uso do dinheiro custodiado pela empresa ou se os recursos foram destinados para pessoas mal intencionadas.

"O problema é que a Alameda e a FTX supostamente usaram o FTT para investir em pelo menos 50 outras empresas e projetos. Cada um deles agora deve estar com sérios problemas. E, não só pela queda do valor e falta de liquidez, mas também pelo suposto saque direto de outras empresas", disse.

Ele aponta que o caso, que ainda tem muitas coisas para revelar, mostrou principalmente como a emissão de tokens por exchanges vai contra o princípio fundamental da indústria de criptomoedas, a descentralização.

"O uso de fundos de clientes da exchange para apoiar o FTT, que era necessário para impedir que o FTT caísse e deixasse muitos buracos negros em todos os lugares, foi o pior crime que a FTX cometeu. O que quer que os atores deste drama possam dizer, esses fundos não são, não foram e nunca pertenceram à própria FTX", afirma.

Regulamentação

Segundo ele, o caso da FTX lembra o ocorrido com Robert Maxwell e do escândalo do fundo de pensão Mirror, que mudou as regras de supervisão de pensões nos EUA.

"Espero sinceramente que os reguladores dos EUA desmontem tudo e apresentem acusações contra os responsáveis. Esta é possivelmente a melhor coisa que já aconteceu com o mercado de criptomoedas em 2022, pois finalmente os reguladores verão que os mesmos padrões que se aplicam às instituições e construções financeiras tradicionais também devem se aplicar aos criptoativos", afirmou.

Ele também afirma que embora o mercado de criptomoedas alegue que seus fundos são rastreáveis devido à tecnologia blockchain, o caso da FTX mostra não haver nenhuma rastreabilidade e que os reguladores precisam agir no mercado usando a tese de Gideon Greenspan, de que bancos centrais reguladores e os departamentos do tesouro governamental não permitirão que bilhões sejam movimentados sem saber de quem, para quem e de onde os fundos realmente vieram.

"Permanece mais verdadeira hoje do que naquela época. Agora, espera-se que isso gere uma regulamentação adequada das exchanges de criptomoedas e proteção para os investidores", finaliza.

Desta forma, segundo ele, com uma regulamentação mais fire e com empresas nas quais os investidores podem confiar o Bitcoin e o mercado de criptoativos tem tudo para retomar seu movimento de alta rumo a novos valores históricos.

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