Antonio Palocci,ex-ministro de Lula e Dilma Rousseff, acusou grandes bancos do Brasil de fazerem parte de um esquema de corrupção e pagamentos ilícios a governos do Partido dos Trabalhadores, segundo reportagem publicada pelo jornal Infomoney, em 15 de agosto.

Segundo Palocci, em delação na Operação Lava-Jato, instituições financeiras e empresas fizeram uma sucessão de pagamentos ilícitos a ele, a dirigentes do PT ou ao partido. O esquema, segundo ele, durou pelo menos 12 anos (2002-2014)

O ex-ministro cita entre as empresas a Odebrecht, Ambev, Grupo Camargo Corrêa, Pão de Açúcar, Banco Safra, Casino, Instituto Lula, PAIC Participações, Votorantim, Aracruz, BTG Pactual, Grupo Parmalat, Itaú-Unibanco, Bradesco, Vale, Brasil Seguros, BNDES, SadiaPerdigão (BRF), Qualicorp, Touchdown, OAS.

Alguns bancos, citados por Palocci, como o Itaú e o Bradesco, são responsáveis pelo fechamento de contas-correntes de diversas exchanges de criptomoedas no Brasil, alegando que a atividades relacionadas a Bitcoin podem ser usadas para cometer crimes como lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo.

A corretora Odebrecht já admitiu pagamento ilicitos ao PT e, inclusive, está liderando uma iniciativa que usa a tecnologia blockchain para trazer mais transparência para o setor público, além de ajudar no direcionamento de licitações no Brasil.

A iniciativa é chamada de “Observ”, como revela o Criptofácil, foi fomentada pela construtora como parte dos acordos firmados com o Ministério Público Federal (MPF) por conta da operação Lava Jato.

O objetivo do Observ é monitorar editais de licitações de obras públicas em todo o Brasil, nos níveis Federal, Estadual e Municipal, buscando identificar se há direcionamento ou qualquer prática ilícita na elaboração dos termos de referência que são o documento base para qualquer contratação/compra pública e pretende assim reduzir a corrupção nos órgãos públicos. O Observ será gratuito e não tem fins comerciais.

Sobre os bancos, Palocci cita um repasse de R$ 4 milhões à campanha presidencial de Dilma para atuação da base em favor do Itaú. Em nota, o banco respondeu:

“o Itaú Unibanco repudia a tentativa de vincular doações eleitorais feitas de forma legal a supostas condutas para atender a interesses particulares. O banco não teve acesso à delação, mas arma que a declaração mencionada é mentirosa. Nas eleições de 2006, 2010 e 2014, o banco doou montantes iguais aos candidatos que lideravam as pesquisas de opinião, conforme consta nos registros do TSE, o que deixa claro que não houve privilégio a qualquer um dos partidos. O Itaú Unibanco lamenta que seu nome tenha sido usado indevidamente por um réu confesso que tenta obter vantagens em acordos com a Justiça.”

Já no período entre 2002 a 2014, Palocci alega que foram R$ 27 milhões doados ao PT pelo Bradesco e com BTG, diversos repasses indevidos de mais de R$ 15 milhões, o BTG Pactual arfirmou que "repudia a tentativa de vinculação de doações eleitorais feitas inteiramente de acordo com a legislação em vigor, durante os ciclos eleitorais, a qualquer benefício indevido"

Como reportou o Cointelegraph, em buca dos Bitcoins da "lava jato", o Deputado Federal Júnior Bozzella, (PSL-SP) protocolou um requerimento na Câmara dos Deputados, convocando para uma Audiência Pública, o editor do site The Intercept, o jornalista norte-americano Glenn Greenwald.

Boezzella alega que Greenwald não conduz o site com imparcialidade, "o Site The Intercept tem um direcionamento político partidário de esquerda, o que deixa totalmente comprometida sua isenção na divulgação da atividade jornalística."

Já em 2017 a Operação Pão Nosso, um desdobramento da Lava Jato no Rio de Janeiro, descobriu um esquema de lavagem de dinheiro usando bitcoin.

Suspeitos de superfaturar pães para a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), suspostamente usaram a criptomoeda para driblar os órgãos públicos de controle financeiro e realizaram quatro operações, segundo as investigações, totalizando R$ 300 mil em bitcoins.

Segundo as investigações, os suspeitos teriam desviado, pelo menos, R$ 73 milhões dos cofres públicos com um esquema de superfaturamento e fraude no fornecimento de pão para os presos das cadeias estaduais. Sobre o uso da criptomoeda, a força-tarefa explicou que a ideia era receber dinheiro no exterior "usando um instrumento que não é regulado na maioria dos países", através de remessas para fora do país.