A principal criptomoeda do mercado, o Bitcoin (BTC), está cotada na manhã desta quarta-feira, 23/04/2025, em R$ 539.988,60. Os touros quebraram diversas resistências e impulsionaram o preço do BTC em mais de 7%, levando o ativo para mais de US$ 94 mil, animando os traders para um possível retorno acima de US$ 100 mil.
Em um dos dias mais expressivos do ano para os ativos digitais, os fundos de índice (ETFs) de criptomoedas registraram entradas próximas de US$ 1 bilhão, sinalizando o retorno robusto do capital institucional ao mercado. A maior parte dos recursos foi direcionada ao Bitcoin, com US$ 913 milhões de entradas, enquanto o Ethereum recebeu outros US$ 39 milhões. A movimentação ocorre após semanas de saídas líquidas, mesmo com o bom desempenho de preços no período.
“A leitura é clara: os grandes players voltaram às compras e estão ajustando suas carteiras para um novo ciclo de acumulação”, afirma Valentin Fournier, analista-chefe da BRN. “O cenário mudou rápido e com intensidade”, reforça.
Além do apetite renovado por ativos digitais, o mercado também foi beneficiado pela redução nas tensões tarifárias entre grandes economias, o que incentivou uma postura mais otimista nos mercados acionários e em outros ativos de risco. Isso contribuiu para um movimento de alta generalizado nas criptomoedas.
O Bitcoin rompeu a barreira simbólica dos US$ 90 mil e chegou a ser negociado acima de US$ 95.500 após um rali que já dura quase duas semanas. O movimento foi potencializado por um short squeeze de US$ 554 milhões, que forçou a recompra de posições vendidas, especialmente em Bitcoin e Ethereum, responsáveis por cerca de 75% do total liquidado.
Apesar da força do movimento, Fournier sugere moderação: “O rali foi poderoso, mas os indicadores técnicos mostram sinais claros de exaustão. RSI e Bandas de Bollinger apontam para condições de sobrecompra, o que torna provável uma correção saudável antes da próxima perna de alta”.
Diante do cenário atual, a BRN adota uma postura mais defensiva.
“Estamos com 60% da carteira em caixa, prontos para aproveitar uma eventual correção. Seguimos overweight em Bitcoin, que tem mostrado resiliência macro, mas estamos neutros em Solana e underweight em Ethereum, cuja alta recente parece insustentável no curto prazo”, detalha o analista.
Já Zach Burks, CEO and founder of Mintology, não está otimista mesmo com alta recente. Segundo ele, o Bitcoin, durante sua infância, sempre foi desvinculado do mercado de ações. No entanto, os preços do BTC nos últimos meses demonstraram que ele se tornou parte da instituição e, portanto, está se correlacionando com o estado macroeconômico da economia global.
Assim, ele destaca que à medida que os mercados de ações caem, o preço do Bitcoin também cai. Isso é uma indicação de que o Bitcoin está agora totalmente institucionalizado e é uma sombra do que era antes.
Portanto, ele aponta que não são os investidores de varejo que estão sustentando o mercado de Bitcoin, são os investidores institucionais — os eventos que impactam as instituições e seus ciclos de investimento agora governam o Bitcoin.
"Ele não é mais um ativo à prova de recessão e apocalíptico. Quando os EUA finalmente agirem contra o Irã, o ouro será o ativo para o qual o mundo se concentrará — não o BTC. Esperamos ver mais dificuldades nos mercados de criptomoedas nas próximas semanas. Esperamos que o BTC caia para até US$ 65 mil. O ETH ainda não se recuperou e pode cair para até US$ 1,2 mil', prevê
Análise Bitcoin
Já para Pedro Gutiérrez, diretor Latam da CoinEx, esse rompimento é tecnicamente significativo, já que o BTC finalmente fechou acima da banda inferior da Nuvem de Ichimoku, com um candle de alta que ultrapassou tanto a média móvel de 50 dias quanto a linha Kijun-sen, indicando uma possível mudança no momento de curto prazo.
"Esta é a primeira tentativa real em semanas de desafiar a confluência de resistências dentro da Nuvem de Ichimoku, que tem atuado como uma zona de compressão desde o final de fevereiro. O volume está aumentando nesse rompimento, o que é um elemento-chave de confirmação. A ação de preço atual invalidou temporariamente o cenário baixista imediato, derivado do recente “cruzamento da morte”, e o histograma do MACD mostra um momento positivo, com a linha de sinal prestes a confirmar um cruzamento", afirma.
Deste modo, ele aponta que caso o BTC mantenha essa trajetória, o próximo alvo é a borda superior da nuvem, próxima a US$ 99.500–US$ 100.000, um nível psicológico e estrutural importante. No entanto, se o preço for rejeitado dentro da nuvem, poderemos ver um recuo para a faixa de US$ 92.000–US$ 93.000, iniciando uma fase de consolidação antes de um novo movimento.
Além disso, ele aponta que embora o Bitcoin esteja tecnicamente pressionando contra resistências, o ambiente macroeconômico está exercendo pressão sobre os mercados tradicionais e cripto. O ouro está se aproximando de máximas históricas, à medida que investidores buscam proteção diante do ressurgimento de temores sobre uma guerra comercial, impulsionados pelo colapso recente nas negociações entre os EUA e alguns parceiros comerciais-chave.
"Esse movimento de busca por segurança é uma faca de dois gumes para o Bitcoin — enquanto alguns traders enxergam o BTC como um hedge digital, o aumento da aversão ao risco por parte de instituições geralmente resulta na retirada de liquidez de ativos de alta volatilidade como o cripto durante períodos de incerteza", destacou.
Paulo Aragão, apresentador e fundador do podcast Giro Bitcoin, destaca que com a alta o Bitcoin superou o Google em valor de mercado, o que pode impulsionar ainda mais o investimento institucional no BTC.
"A resistência de US$ 100 mil será quebrada em breve, o Bitcoin tem muitas chances de romper com a máxima história ainda no primeiro semestre com Trump reduzindo sua agressividade na política macroeconômica", afirmou.
Mike Ermolaev, analista e fundador da Outset PR, destaca que no nível de US$ 96 mil, haverá a resistência final do grupo que detém moedas por 3 a 6 meses, após o qual a próxima meta de US$ 100 mil será aberta.
"Vamos voltar a negociar acima de US$ 100 mil em breve, a meta de US$ 150 mil até o final de 2025 está cada vez mais ganhando força e acredito até que podemos atingir este valor antes do final do ano, quando os estados americanos que estão aprovando reservas de Bitcoin começarem a comprar", afirmou.
US$ 100 mil logo ali
Rodrigo Miranda, criador da Universidade do Bitcoin destaca que o BTC quebrou uma estrutura bem importante de resistência, na base dos US$ 92.500 e se o mercado se manter acima desse preço, provavelmente o BTC vai testar a base dos US$ 98 mil e até US$ 100 mil.
"Neste momento, o mercado está trabalhando entre US$ 93 mil a US$ 94 mil, e os touros precisam segurar o preço acima de US$ 92.500 a US$ 93 mil. Se conseguir se manter, fechar um diário acima desse preço, possivelmente veremos alvos do BTC buscando os US$ 98 mil e depois os US$ 100 mil.
Outra coisa importante relatar é que os fluxos de ETFs também estão voltando a ficar positivos. Na segunda-feira tivemos uma entrada forte, uma entrada recorde no mercado. Enfim, o BTC está andando na contramão do SP&500, está se descolando, então, reagiu muito bem com todos os problemas que tivemos nas últimas semanas por conta da guerra comercial. Fez o movimento que tinha que fazer, fez a correção, fez o pullback, e agora, trabalhando acima de US$ 92 mil, estamos olhando alvos aí para US$ 98 e US$ 100 mil", afirma.
ETFs de Bitcoin registram maior FLUXO DE ENTRADA desde 29 de janeiro. Ontem, os ETFs de Bitcoin registraram um fluxo de entrada de US$ 381 milhões — o maior volume desde 29 de janeiro, quando vimos US$ 588 milhões em um único dia.
"Baleias e “tubarões” do Bitcoin estão acumulando BTC em ritmo recorde — mais de 300% da emissão anual — enquanto as exchanges continuam perdendo moedas em ritmo histórico, de acordo com a Glassnode. Notavelmente, a taxa de absorção anual de Bitcoin pelas exchangesjá caiu para mais de -200% com a continuidade dos saques. Isso sinaliza uma preferência crescente pela autocustódia ou investimento de longo prazo", afirmou.
Desvalorização do dólar fortalece tese do BTC como proteção
“Mais do que uma valorização pontual, estamos vendo uma transformação estrutural na forma como o Bitcoin é percebido: de ativo especulativo a reserva de valor global”, afirma Isac Honorato, CEO do Cointimes.
Segundo ele, três eventos principais impulsionaram o movimento:
- Alívio na guerra comercial entre EUA e China: O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, classificou a política tarifária atual como "insustentável". Na sequência, Donald Trump indicou cortes nas tarifas de importação, sinalizando um esforço para reacelerar o crescimento global.
- Desvalorização do dólar: O índice do dólar caiu ao menor patamar desde 2022. Isso levou investidores a buscar ativos de proteção, como o ouro e o Bitcoin, que se beneficiam em ambientes de perda de confiança nas moedas fiduciárias.
- Crescimento da entrada institucional: ETFs de Bitcoin nos EUA receberam US$ 381 milhões em aportes em um único dia, o maior fluxo desde janeiro, reforçando o apetite dos grandes investidores por ativos digitais.
Segundo o analista, a conjuntura de instabilidade geopolítica e monetária fortalece a tese do BTC como uma espécie de “porto seguro digital”. A moeda tem atraído investidores que buscam proteção contra políticas monetárias expansionistas e riscos sistêmicos.
No entanto, Honorato, destaca que mercado deve ficar atento a três pontos:
- Reunião do Federal Reserve: Mudanças na taxa de juros podem alterar o apetite por risco.
- Possível recompra de títulos pelo Fed: A medida pode ampliar a liquidez e favorecer ativos como o Bitcoin.
- Novas tensões comerciais: Qualquer declaração vinda da Casa Branca ou de Pequim pode gerar volatilidade imediata.
Guilherme Prado, country manager da Bitget no Brasil, destaca que a alta é impulsionado por uma combinação poderosa de fatores macroeconômicos e geopolíticos. As recentes declarações do presidente Trump, sinalizando uma abordagem mais branda nas relações comerciais com a China e reforçando laços com Japão e Índia, trouxeram alívio aos mercados globais — e isso se refletiu diretamente nas bolsas e no mercado cripto.
"Ao mesmo tempo, a crescente confiança institucional nos ativos digitais, com a formação de um consórcio de mais de US$ 3 bilhões liderado por Brandon Lutnick em parceria com SoftBank, Tether e CEX, reforça a tese de longo prazo do BTC como reserva de valor. Com entrada líquida de US$ 400 milhões em BTC nas últimas 24h, e a narrativa de "porto seguro" ganhando força diante da retirada de capital de ativos dolarizados, Bitcoin e ouro emergem como os principais beneficiários desse novo momento de realocação global de investimentos", destaca.
Portanto, o preço do Bitcoin em 23 de abril de 2025 é de R$ 539.988,60. Neste valor, R$ 1.000 compram 0,0018 BTC e R$ 1 compram 0,0000018 BTC.
As criptomoedas com maior alta no dia 23 de abril de 2025, são: Immutable X (IMX), Sui (SUI) e Bonk (BONK) com altas de 41%, 27% e 22% respectivamente.
Já as criptomoedas que estão registrando as maiores baixas no dia 23 de abril de 2025, são: Tether Gold (XAUT), Tron (TRX) e Leo Token (LEO), com quedas de -3,6%, -1 e -0,1% respectivamente.
O que é Bitcoin?
O Bitcoin (BTC) é uma moeda digital, que é usada e distribuída eletronicamente. O Bitcoin é uma rede descentralizada peer-to-peer. Nenhuma pessoa ou instituição o controla.
O Bitcoin não pode ser impresso e sua quantidade é muito limitada – somente 21 milhões de Bitcoin podem ser criados. O Bitcoin foi apresentado pela primeira vez como um software de código aberto por um programador ou um grupo de programadores anônimos sob o codinome Satoshi Nakamoto, em 2009.
Houve muitos rumores sobre a identidade real do criador do BTC, entretanto, todas as pessoas mencionadas nesses rumores negaram publicamente ser Nakamoto.
O próprio Nakamoto afirmou ser um homem de 37 anos que vive no Japão. No entanto, por causa de seu inglês perfeito e seu software não ter sido desenvolvido em japonês, há dúvidas sobre essas informações. Por volta da metade de 2010, Nakamoto foi fazer outras coisas e deixou o Bitcoin nas mãos de alguns membros proeminentes da comunidade BTC.
Para muitas pessoas, a principal vantagem do Bitcoin é sua independência de governos mundiais, bancos e empresas. Nenhuma autoridade pode interferir nas transações do BTC, importar taxas de transação ou tirar dinheiro das pessoas. Além disso, o movimento Bitcoin é extremamente transparente - cada transação única é armazenada em um grande ledger (livro-razão) público e distribuído, chamado Blockchain.
Essencialmente, como o Bitcoin não é controlado como uma organização, ele dá aos usuários controle total sobre suas finanças. A rede Bitcoin compartilha de um ledger público chamado "corrente de blocos" (block - bloco, chain - corrente).
Se alguém tentar mudar apenas uma letra ou número em um bloco de transações, também afetará todos os blocos que virão a seguir. Devido ao fato de ser um livro público, um erro ou uma tentativa de fraude podem ser facilmente detectados e corrigidos por qualquer pessoa.
A carteira do usuário pode verificar a validade de cada transação. A assinatura de cada transação é protegida por assinaturas digitais correspondentes aos endereços de envio.
Devido ao processo de verificação e, dependendo da plataforma de negociação, pode levar alguns minutos para que uma transação BTC seja concluída. O protocolo Bitcoin foi projetado para que cada bloco leve cerca de 10 minutos para ser minerado.
Aviso: Esta não é uma recomendação de investimento e as opiniões e informações contidas neste texto não necessariamente refletidas nas posições do Cointelegraph Brasil. Cada investimento deve ser acompanhado de uma pesquisa e o investidor deve se informar antes de tomar decisão