A exchange Mercado Bitcoin, uma das principais do Brasil, anunciou que irá disponibilizar uma série de “ativos alternativos” que serão tokenizados e disponibilizados para venda e trade entre seus clientes, conforme anúncio feito à imprensa em 06 de agosto.

O projeto, chamado MB Digital Assets, irá criar criptoativos lastreados em ativos tradicionais do mercado, que não tenham características de valores mobiliários. O primeiro lote deste ativos, chamado de PSP01, será um precatório, do Governo do Estado de São Paulo, no valor de R$ 1.600 milhão, dos quais, R$ 1 milhão serão vendidos para clientes do MB, a partir de agosto.

No total foram gerados 12 mil tokens, cada um representando 0,0083% do ativo de referência.

“Este é um primeiro MVP de nosso produto. Nós compramos um precatório do Governo do Estado de São Paulo, junto com o originador que foi quem negociou com o detentor original do precatório e então fracionamos ele em tokens, sendo que dividimos a venda em três fases. Na primeira vendemos um lote no valor de R$ 300 mil para colaboradores do MB. Já o segundo lote para um grupo que chamamos de ‘friends and family’ no qual disponibilizamos mais R$ 300 mil. Agora, nesta terceira fase serão R$ 1 milhão que iremos lançar para todos os clientes do MB”, destacou Marcos Alves, CEO do Mercado Bitcoin.

Alves ressalta que o valor inicial de compra para cada ‘token’ deste precatório é de R$ 100 e que após a compra ele poderá ser negociado na plataforma do Mercado Bitcoin. Quando o título for pago pelo Governo do Estado, o MB irá ‘recomprar’ os tokens e queimar todos os emitidos.

“Olhando para o mercado o que você tem: um período prolongado com os juros muito baixos; a mudança nas regras da aposentadoria ou dinheiro na poupança, então de algum jeito os fundadores e os conselheiros do MB, viram uma oportunidade de tokenizar alguns ativos que acreditamos podem ter um retorno interessante e democratizar o acesso a estes ativos para nossa base de clientes. Isso também pode ser uma porta de entradas para novos clientes em cripto, animar clientes que estavam ‘dormentes’ e também é uma opção para trades e investidores regulares, que aproveitam a alta para ‘sair’ para reais e depois ‘voltar’, em vez de sair para fiat eles podem configurar a saída no token, neste nosso ativo alternativo” frisou Alves.

Neste MVP, a compra dos tokens só poderá ser feita em reais. Aqueles que tiverem Bitcoin e criptomoedas na exchange, poderão liquidar suas posições e usar os reais para comprar o ativo. A idéia do MB é ter até R$ 500 milhões em ativos alternativos disponibilizados na plataforma,

“Temos uma curadoria que analisa os precatórios, procuras os originadores, faz um duo diligence dos ativos para conseguir oferecer de uma forma que seja atrativo para os clientes. Nossa meta é chegar até o final do ano com R$ 500 milhões em ativos alternativos, que incluem os precatórios e talvez outros lançamentos”, disse.

Alves disse que a exchange acredita que o precatório tokenizado será pago pelo Governo do Estado em até dois ou três anos, quando, os R$ 100 investidos inicialmente podem ser recomprados por até R$ 160. Legislação Segundo o MB a tokenização destes ‘ativos alternativos’ está dentro da lei e obedece todas as regulamentações no Brasil.

O Cointelegraph procurou a Comissão de Valores Mobiliários do Brasil (CVM) que frisou que não cabe a autarquia regular a emissão do MB e portanto, os tokens estão dentro das regras da legislação.

Precatórios

Precatório são ordens de pagamentos contra entes públicos, já reconhecidas pela Justiça, e em fase de liquidação, ou seja, uma dívida que um determinado ente da federação tem para com uma empresa ou pessoa. Segundo informações, em média, os precatórios podem render pelo menos 20% ao ano ou cerca de 320% do CDI.

Em comparação, por exemplo, com o rendimento do Tesouro Direto, se o título for mantido até a data do vencimento, está em torno de 6,50% ao ano, ou 100% do CDI.

“Depende do ente governamental tem uma expectativa de quando vai ser pago e todas estas informações serão passadas aos nossos usuários. Hoje este é um mercado que movimenta bilhões de reais mas está ‘dominado’ por grandes bancos e instituições, nós queremos democratizar este segmento”,

Digital Assets

Mercado Bitcoin também destacou que em Agosto, dois novos ativos alternativos serão oferecidos, ainda em modelo de protótipo, até que a plataforma de negociação do MB esteja preparada para a negociação secundária, ainda no 3o trimestre de 2019.

Alves revelou também que após o MVP e quanto a plataforma para negociação no mercado secundário estiver pronta, a ideia é desenvolver uma cesta de “ativos alternativos” e tokeniza-los para eliminar os possíveis riscos associados ao mercado.

“Imagina que você tem uma fração de um precatório de R$ 1 milhão e, por diversas razões, o ente federativo, adia o pagamento, então isso pode impactar a saúde do ativo, por isso estamos desenvolvendo uma cesta de precatórios e ativos alternativos com vários papéis dentro da cesta e com isso diluir o risco e também atrair outros investidores”, disse

A exchange revela ainda que neste MVP foi usada tecnologia própria, mas que a plataforma já está estudando outras redes DLT/Blockchain, para hospedar os tokens. Blockchains públicas como Ethereum também vêm sendo analisadas.

Como reportou o Cointelegraph, o mais antigo bando da Coreia do Sul, o Shinhan Bank, está desenvolvendo uma plataforma de empréstimos de ações com tecnologia de ledger distribuído (Distributed Ledger Technology - DLT).

A Shinhan Financial Investment assinou um acordo com a empresa de serviços financeiros Directional para desenvolver um serviço de empréstimo de ações baseado em blockchain. O empréstimo pessoal de ações é parte de uma iniciativa mais ampla de serviços financeiros inovadores que estão sendo perseguidos pela empresa.