Alegações recentes de uma grande repressão à mineração de Bitcoin na região chinesa de Xinjiang repercutiram pela indústria de ativos digitais nesta semana, mas dados do TheMinerMag sugerem que o impacto real foi muito menor do que as narrativas iniciais indicavam.
De acordo com o relatório mais recente do Miner Weekly, a rede Bitcoin registrou inicialmente uma queda de curto prazo na taxa de hash, associada a acontecimentos em Xinjiang. No entanto, a retração também coincidiu com cortes de energia nos Estados Unidos.
A maioria dos principais pools de mineração se recuperou para níveis próximos aos anteriores à queda em poucos dias, resultando em um recuo líquido de cerca de 20 exahashes por segundo, número significativamente inferior à perda aproximada de 100 EH/s citada nos primeiros relatos. “Isso aponta para uma interrupção amplamente temporária, em vez de um desligamento sustentado e específico de uma região”, afirmou o relatório.
Essa distinção é relevante para avaliar a segurança do Bitcoin e a atividade dos mineradores. Embora quedas grandes e prolongadas na taxa de hash possam afetar a produção de blocos e a dificuldade de mineração, superestimar o papel de um único evento regional corre o risco de distorcer a visão sobre a dinâmica global da mineração e exagerar a exposição geopolítica.

Dados do TheMinerMag indicam que as maiores quedas em nível de pool durante a interrupção de segunda-feira vieram da América do Norte, com a Foundry USA sozinha relatando uma queda estimada de 180 EH/s na taxa de hash.
Embora pools de mineração de origem chinesa tenham registrado quedas combinadas de cerca de 100 EH/s, “atribuir toda a queda a Xinjiang seria um exagero”, afirmou o relatório.
Então, o que aconteceu na China?
Relatos de uma nova repressão à mineração de Bitcoin (BTC) na China surgiram nesta semana após Jianping Kong, ex-executivo da fabricante de hardware Canaan, afirmar que algumas operações na região de Xinjiang haviam sido interrompidas.
Estimativas iniciais que circularam nas redes sociais sugeriam que entre 400.000 e 500.000 máquinas de mineração poderiam ter sido desligadas.

No entanto, reportagens posteriores e análises do setor indicaram que as interrupções estavam mais provavelmente ligadas a questões de conformidade ou operacionais, e não a uma campanha ampla e coordenada de fiscalização.
Além da breve queda na taxa de hash, a atividade de mineração de Bitcoin ligada à China voltou a aparecer nos últimos anos, apesar da proibição nacional do país em 2021. Dados da CryptoQuant sugerem que a China pode responder por cerca de 15% a 20% da atividade global de mineração de Bitcoin.
Xinjiang, em particular, tem atraído mineradores devido à sua oferta abundante e relativamente barata de energia. Ao mesmo tempo, governos locais têm investido fortemente em infraestrutura de data centers, com algumas instalações supostamente alugando capacidade excedente para mineradores de Bitcoin a fim de ajudar a compensar quedas cíclicas na demanda de outras cargas de trabalho computacionais.

