Resumo da notícia

  • Fear & Greed Index atinge níveis mais baixos desde COVID e FTX.

  • Queda de quase 40% coloca Bitcoin perto do padrão histórico de reversões.

  • Expectativa de corte de juros reforça possível retomada de confiança.

Após um mês de forte queda, que tirou o BTC de US$ 126 mil para US$ 80 mil, os touros começam a esboçar uma reação e devolveram o valor do Bitcoin para US$ 87 mil. Nesse movimento, um dos indicadores mais conhecidos pelos investidores, o Fear and Greed Index, atingiu níveis tão extremos que lembram momentos críticos como COVID e FTX. E, segundo o analista John Pompiliano, esse movimento pode marcar uma virada importante no preço do Bitcoin.

“O índice de ações chegou a 6 e o de Bitcoin chegou a 8. Eu nunca tinha visto tão baixo”, afirmou Pompiliano. Esses valores são monitorados há anos e aparecem apenas quando o mercado entra em pânico total.

Essa leitura extrema chamou atenção porque, historicamente, níveis muito baixos não duram. O analista explicou que “o sentimento não consegue ficar em 6 ou 8 por semanas. Você chega no máximo de medo e depois as pessoas começam a voltar”. Por isso, ele acredita que o Bitcoin pode ter encontrado um fundo relevante no curto prazo.

Ao mesmo tempo, uma informação adicional reforçou essa percepção. Segundo o analista Matthew Sigel, da VanEck, a volatilidade do Bitcoin caiu pela metade nos últimos anos. Essa mudança altera a forma como os movimentos mais duros do mercado devem ser interpretados.

Sigel lembrou que os grandes ciclos de baixa antigos costumavam derrubar o BTC cerca de 80%. Agora, com a volatilidade menor, o tamanho esperado de uma queda profunda seria próximo de 40%. E essa é quase exatamente a correção que o mercado viu após o topo próximo de US$ 126 mil.

“De US$ 126 para US$ 80 mil é algo entre 36% e 40%. Chegou muito perto da queda total esperada”, avaliou Pompiliano.

Essa combinação de fatores, pessimismo extremo e queda dentro do padrão esperado, abriu espaço para uma possível inversão. Ainda assim, o analista evitou previsões exageradas. Ele disse que, apesar do sinal positivo, o futuro imediato continua em aberto, pois o BTC ainda não atingiu seu ponto máximo de correção, esperado em até 80%.

Queda é parte do ciclo

Mesmo assim, ele destacou que o comportamento recente lembra movimentos clássicos do Bitcoin, conhecidos pela volatilidade intensa. Para ele, a alternância rápida entre altas e quedas faz parte da natureza do ativo.

“Bitcoin faz coisas de Bitcoin. Ele sacode todo mundo antes de decidir para onde vai”, comentou.

Essa oscilação não afeta apenas investidores individuais. Ela também pressiona fundos e instituições que entraram no mercado através de ETFs. Segundo Pompiliano, profissionais que administram dinheiro de terceiros têm grande dificuldade em lidar com movimentos tão irregulares.

“Ninguém quer explicar ao cliente por que a carteira sobe 40%, cai 60% e depois sobe 30% de novo”, afirmou.

Esse comportamento leva muitos gestores a entrarem no chamado “modo tartaruga”, uma postura defensiva usada por quem já garantiu bons retornos no ano. “Você recolhe braços, pernas e cabeça. Protege o bônus e não toma risco até o fim do ano”, explicou.

Apesar disso, o analista observou que a recente queda do Bitcoin trouxe um ponto atraente para quem olha o mercado com mais sangue-frio. A pressão vendedora foi tão intensa que atraiu compradores grandes.

“Vimos muita capitulação dos turistas de curto prazo. Mas também vimos muito volume novo entrando”, disse ele. Exchanges como Binance e Coinbase registraram aumento repentino de negociações durante a fase mais crítica da queda.

Esse movimento coincidiu com mudanças no cenário macroeconômico. A possibilidade de corte de juros nos Estados Unidos aumentou novamente, o que favorece ativos de risco. Para Pompiliano, a oscilação das expectativas ajuda a explicar parte da volatilidade recente. “As chances de corte foram de 95% para 40% e voltaram para 70%. Agora parece mais normal”, afirmou.

Outro ponto importante, segundo ele, é o silêncio do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, desde o último ajuste. “Ele cortou juros e sumiu. Está deixando os outros discordarem em público. No final, é ele quem decide”, disse Pompiliano.

Se o corte realmente vier, a confiança tende a melhorar. O analista vê esse cenário como possível gasolina para uma retomada mais firme.

“Se o mercado acreditar no corte, você vê dinheiro voltando. Isso já aparece nas ações e no Bitcoin”, observou.

Indicadores irreais

Além disso, Pompiliano também analisou dados alternativos de inflação. Ele afirmou que o indicador Trueflation, baseado em preços em tempo real, aponta números mais baixos que os relatados pelo CPI. “A inflação real está entre 2,3% e 2,5%. CPI é nonsense”, criticou. Ele afirmou ainda que 40% dos itens do CPI são estimados, o que para ele compromete o indicador.

Esses dados reforçam, segundo ele, a necessidade de juros mais baixos para destravar investimentos. “Você precisa reduzir o custo do capital. Empresas usam esse dinheiro para criar empregos, investir e crescer”, afirmou.

Para Pompiliano, o Fear and Greed Index continua sendo uma ferramenta simples, mas poderosa.

“Ele mede sentimento. E sentimento extremo quase sempre muda rápido”, disse. Embora não seja garantia de alta imediata, ele acredita que o mercado entrou em uma zona onde quedas adicionais se tornam menos prováveis.