Desde a criação do Bitcoin (BTC), com seu whitepaper apresentado durante a crise de 2008 e lançamento em 2009, o ativo digital não havia enfrentado uma crise global com as proporções desta, causada pela pandemia de coronavírus.

Enquanto economistas tentam explicar como os ativos tradicionais vão se comportar diante de uma aguardada recessão, o comportamento do Bitcoin ainda divide os especialistas, uma vez que a maior criptomoeda não é controlada por bancos centrais e não obedece a qualquer governo.

Enquanto as mercados tradicionais de todo o mundo derretem, o comportamento do Bitcoin é acompanhado de perto pelos traders e analistas, que tentam responder como o ativo vai se comportar nos próximos meses: um porto seguro ou um ativo de risco extremo?

Na última semana, o gestor do fundo de criptomoedas BLP Asset, Alexandre Vasarhelyi, disse que o mercado cripto encararia bem a crise por estar "acostumado" à volatilidade:

"A grande vantagem do nosso mercado é que já estamos acostumados com volatilidade acima de 100%"

Já Tyler Winklevoss, um dos gêmeos da exchange Gemini, cravou em um post do Twitter que o Bitcoin é "a melhor proteção do mundo" para a crise. O comentário foi em referência às medidas adotadas pelo Fed dos EUA para injetar dinheiro na economia do país.

Uma matéria do Valor Investe desta terça-feira dá a entender que o Bitcoin "decepcionou" diante dos últimos movimentos da crise. No começo da derrocada dos mercados, na semana passada, o Bitcoin até conseguiu manter o preço, mas perdeu quase 50% do valor em 1 hora até a atual faixa de preços, entre US$ 4.600 e US$ 6.000.

Por outro lado, enquanto as bolsas de valores em todo o mundo ainda seguem derretendo, com a B3 perdendo quase 14% na segunda-feira e ativando 5 circuit breakers em uma semana, o comportamento do Bitcoin parece mais estável do que investimentos considerados "mais seguros".

Preço do Bitcoin contra o USD em 7 dias. Fonte: Cointelegraph Markets

Na Bolsa de Valores do Brasil, depois de uma sexta-feira de recuperação, a semana começou com perdas que já superaram todos os ganhos de alívio. Com perspectiva de lockdown nas cidades e recessão, o cenário ainda poderia favorecer o Bitcoin como porto seguro, já que as principais bolsas do mundo não mostram sinais de reação até o momento.

Bolsa de valores do Brasil nos últimos 5 dias. Fonte: TradingView

Uma publicação do Reddit também comparou a curva do S&P 500 durante a crise de 2008 e na atual crise do coronavírus. O que se vê no gráfico é que os mercados têm sofrido quedas bem mais agudas do que a longa crise de 12 anos atrás.

Como mostra o gráfico, a longa curva de um ano de 2008 e 2009 levou a uma queda de 56%. O problema é que a curva atual é tão aguda que só na semana passada já tinha levado mais de 26% do mercado financeiro tradicional.

Com empresas cancelando expediente, funcionários trabalhando de casa e uma perspectiva de 3 a 4 meses para populações do mundo em alerta pelo coronavírus, resta observar de perto como o Bitcoin e o mercado de criptomoedas vai se comportar daqui pra frente e responder: o Bitcoin vai se tornar um chamado "safe heaven" diante da crise brutal que se avizinha ou vai ser engolido também por ela?