O Bitcoin (BTC) e o dólar americano caíram paralelamente, enquanto o S&P 500 atualizou sua máxima na abertura nesta sexta-feira (25), com o indicador de inflação preferido do banco central americano subindo para seus níveis mais altos em quase três décadas.
De acordo com dados divulgados pelo US Bureau of Economic Analysis,o índice de Despesas com Consumo Pessoal (PCI, na sigla em inglês) subiu 0,5% em maio, ficando abaixo da estimativa de 0,6%.
No entanto, as despesas aumentaram 3,4% ano a ano, o nível mais alto desde 1991. O Federal Reserve trata o núcleo do PCI como sua métrica de referência para medir a inflação. O banco central dos EUA indicou que toleraria a inflação acima de 2% até que garanta uma recuperação mais forte do mercado de trabalho.
As perspectivas de uma inflação mais alta alimentaram altas voláteis em todos os mercados de risco em 2020, incluindo Bitcoin e o mercado de ações dos EUA.

Os investidores os consideraram como melhores ativos de proteção, já que o Fed optou por manter as taxas de juros perto de zero e manteve seu programa de compra de ativos mensais de US$ 120 bilhões para conter o impacto da pandemia do coronavírus na economia dos EUA.
No entanto, a política do banco central acabou empurrando os rendimentos dos títulos dos EUA para baixo, enquanto prejudicava a demanda do dólar globalmente, levando os investidores a alternativas mais arriscadas, incluindo Bitcoin.
Mas a criptomoeda principal caiu após as últimas leituras do PCI, sugerindo que os investidores optaram por ignorar sua narrativa de ativo de proteção sobre os riscos relativos à última proibição de criptomoedas da China e em meio a especulações de que os EUA iriam impor regulamentações estritas ao setor de criptomoedas, como um todo.
A taxa de câmbio de BTC/USD caiu para uma mínima intradiária de US$ 32.350 logo a abertura em Nova York nesta sexta-feira (25). Enquanto isso, o ouro, maior rival do Bitcoin como ativo de proteção, registrou ganhos no início da manhã após leituras de CPI mais alto, com os futuros de ouro da Comex de agosto sendo negociados 0,73% mais alto a US$ 1.789,70 a onça na sessão da manhã.

Os investidores também desprezaram o chamado ativo de proteção mais seguro, o dólar americano. Como resultado, o índice do dólar norte-americano em relação a uma cesta de moedas estrangeiras caiu 0,33%, para 91,525, nas negociações da madrugada de sexta-feira (25). Mais tarde, recuperou para 91.749.
Alexander Vasiliev, co-fundador e CCO da Mercuryo disse que a demanda pelo dólar entre os investidores corporativos e de varejo permaneceria mais fraca diante das perspectivas de uma inflação mais alta. Em vez disso, eles preferem fazer hedge em ativos com menor potencial de depreciação. Ele explicou:
"Embora o Bitcoin tenha vencido o argumento de ser um ativo adequado a esse respeito, seu preço atual em colapso favorecerá muito mais o ouro em um momento como este e, assim, os investidores podem favorecer este último mais do que o primeiro. Os números da inflação nas classes de ativos serão mais visíveis nos próximos dias e semanas."
O Bitcoin também caiu quando o foco dos investidores mudou para os mercados de ações de Wall Street após o último acordo de estímulo do presidente Joe Biden no valor de US$ 1 trilhão. O índice S&P 500 subiu 0,27%, para uma máxima histórica de 4.280,55. O Nasdaq Composite com foco em tecnologia subiu 0,1%.
Sinais mistos do Fed e Bitcoin
Francesco Sandrini, estrategista sênior multiativos da gestora de fundos Amundi, afirmou que as leituras de inflação continuariam subindo nos próximos meses. Enquanto isso, os mercados teriam dificuldade em encontrar confiança em termos de como se proteger dos preços mais altos ao consumidor, especialmente porque os funcionários do Fed enviam sinais confusos sobre se a inflação deve resultar em uma política monetária mais rígida.
Por exemplo, o presidente do Fed, Jay Powell, classificou os recentes picos de inflação na economia dos EUA, que poderiam eliminar os retornos de longo prazo das ações e títulos, de "transitórios" por natureza. Mas o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, disse na quinta-feira que a inflação pode continuar subindo nas próximas sessões.
O último conjunto de projeções econômicas do Comitê Federal de Mercado Aberto deu uma guinada violenta ao sugerir aumentos nas taxas duplas em 2023. Como resultado, o Bitcoin caiu com as notícias.
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"Permanecemos incertos sobre o que exatamente acontecerá com a inflação nos próximos 5 anos", observou a CoinShares, uma empresa de gestão de ativos digitais, em um relatório publicado em 21 de junho.
"Mas vemos a adição de bitcoin e outros ativos reais como uma medida prudente para proteger as carteiras do risco de cauda da inflação fora de controle", acrescentou a empresa.
Vasiliev observou que uma forte narrativa antiinflacionária manteria o interesse dos investidores no Bitcoin nos próximos meses, acrescentando:
Acredito que a recuperação para US$ 40.000 seja a meta, enquanto os investidores procuram quebrar o a máxima histórica de US$ 64.000 no médio e longo prazo.
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