Os investidores de Bitcoin (BTC) provavelmente são mais atraídos pela alta do preço da criptomoeda, e não por não gostarem de bancos tradicionais ou da suposta utilidade do ativo digital como uma reserva de valor, sugere um novo relatório do Banco de Compensações Internacionais (BIS).

No relatório “BIS Working Papers” publicado em 14 de novembro, a instituição analisou a relação entre os preços do Bitcoin, a negociação de criptomoedas e a adoção por parte dos investidores do varejo.

Foram estudados os fatores subjacentes à adoção das criptomoedas por investidores de varejo usando downloads de aplicativos de negociação de criptomoedas como métrica para medir a adoção e os investimentos dos usuários no momento do download.

Descobriu-se que “aumentos no preço do Bitcoin estão associados a um aumento significativo de novos usuários, ou seja, à entrada de novos investidores” e que a maioria dos investidores de varejo “baixaram aplicativos de criptomoedas quando os preços estavam altos.”

O BIS apresentou evidências de que os downloads diários de aplicativos de exchanges de criptomoedas aumentaram com a rápida escalada do preço do Bitcoin entre julho e novembro de 2021, atingindo o pico quando o preço do Bitcoin estava entre US$ 55.000 e US$ 60.000, aproximadamente um mês antes do registro do recorde histórico de US$ 69.000 em novembro de 2021.

Ele acrescentou que 40% dos usuários de aplicativos de criptomoedas eram homens com menos de 35 anos e faziam parte do segmento da população mais “ávido pelo risco”. A partir disso, supôs:

“Os usuários estão sendo atraídos para o Bitcoin pelo aumento dos preços – e não por uma antipatia pelos bancos tradicionais, a busca por [um ativo de] reserva de valor ou a desconfiança em instituições públicas.”

“O preço do Bitcoin continua sendo o fator mais importante quando monitoramos a incerteza ou a volatilidade global, contradizendo as explicações baseadas no Bitcoin como um porto seguro”, acrescentou.

O BIS assumiu que os usuários do aplicativo compraram Bitcoin no momento do download de um aplicativo de criptomoedas e, posteriormente, supuseram que até “81% dos usuários teriam perdido dinheiro” se tivessem comprado Bitcoin acima de US$ 20.000.

Downloads diários de aplicativos de exchanges de criptomoedas em relação ao preço do Bitcoin no momento do download. Imagem: BIS

As suposições do BIS aparentemente se correlacionam com dados da empresa de análise de dados on-chain Glassnode, que em 14 de novembro confirmou que apenas pouco mais da metade dos endereços de Bitcoin estão no lucro atualmente, o que configura uma mínima de dois anos.

 

#Bitcoin Percentual de Endereços do $BTC no Lucro (7d MA) atingiu uma mínima de 2 anos de 51,881%

Veja a métrica: https://t.co/ik5IkrdoPk

— glassnode alerts (@glassnodealerts)

O BIS acrescentou que sua análise de dados de blockchain mostra que à medida que os preços do Bitcoin aumentavam, usuários menores compravam e "os maiores detentores (as chamadas 'baleias' ou 'corcundas') estavam vendendo – obtendo lucros às custas dos usuários menores."

O relatório também documentou a geografia da adoção de aplicativos de criptomoedas e descobriu que entre agosto de 2015 e junho de 2022, Turquia, Singapura, EUA e Reino Unido registraram o maior volume de downloads por 100.000 habitantes, respectivamente.

A Índia e a China registraram o menor número, sendo que esta última registrou apenas 1.000 downloads de aplicativos de criptomoedas por 100.000 pessoas. O BIS sugeriu que maiores restrições legais às criptomoedas dificultam a adoção por parte dos investidores do varejo nesses países.

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