O Banco Central (BCB) anunciou nesta terça, 24, o lançamento de uma nova consulta pública relacionada ao mercado de criptoativos.

De acordo com o BC, a proposta busca normas para a regulamentação dos critérios contábeis aplicáveis ao reconhecimento, mensuração, baixa e evidenciação de ativos virtuais e tokens de utilidade por instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil.

Segundo o BC, a proposta decorre da crescente relevância dos ativos virtuais no sistema financeiro nacional e internacional, e visa aumentar a transparência, a comparabilidade e a qualidade das informações contábeis relacionadas a esses ativos.

Entre os principais pontos das minutas de resolução, destaca-se a definição de critérios de reconhecimento inicial e mensuração subsequente, o tratamento contábil de ativos virtuais emitidos e de ativos virtuais de terceiros sob custódia, além de exigências de divulgação em notas explicativas, com detalhamento sobre variações de valor, natureza dos ativos e obrigações associadas aos ativos emitidos.

 As contribuições à consulta pública podem ser feitas até 24 de agosto de 2025, no site do Banco Central (www.bcb.gov.br), consulta 122/2025, e no Portal Participa + Brasil (www.gov.br/participamaisbrasil), do governo federal. É possível ainda o encaminhamento de sugestões e comentários para o e-mail denor@bcb.gov.br.

Interesse em Bitcoin e criptomoedas cresce no Brasil entre empresas

Com o lançamento desta nova Consulta Pública, o BC acumula já 4 CPs em 2025, 3 delas já encerradas (CP 108, 109 e 111). No caso das Consultas encerradas, o BC ainda não publicou as regras proveniente delas ou qualquer relatório sobre as contribuições recebidas. Publicamente o BC somente se manifestou sobre a CP 111, relacionada ao mercado de stablecoins que gerou enorme repercussão no mercado.

Sobre ela, o BC disse que pretende rever parte das regras, como a transferência para carteiras de auto-custódia, entre outros pontos, mas também sinalizou que deve manter a proposta de enquadrar as stablecoins dentro do mercado de câmbio.

De acordo com dados da Receita Federal, até o final de 2024, mais de 25 mil empresas no Brasil já tinha exposição ao mercado de Bitcoin e criptomoedas, registrando um crescimento de 1.062,3%, desde a introdução da IN 1888.

Além disso, cada vez mais bancos tradicionais e fintechs estão oferecendo serviços ligados ao mercado de criptomoedas. O BTG foi o pioneiro no mercado com a criação de seu token RWA próprio atrelado ao mercado de imóveis. Após o banco criou uma exchange própria, a Mynt, que oferece compra e venda de ativos virtuais, além de custódia. O banco também tem exposição em ETFs e fundos de investimento cripto.

O Itaú Unibanco também oferece negociação de criptomoedas e um serviço próprio de custódia. Nubank e Banco Inter também oferecem compra e venda de cripto e custódia mas por meio de terceiros, no caso Fireblocks e B3 Digital, respectivamente.

O Bradesco também está no mercado de criptoativos. O banco colocou à venda um Certificado de Operações Estruturadas (COE) cuja rentabilidade está atrelada ao desempenho do Bitcoin. Em vez de comprar a criptomoeda diretamente, o investidor adquire esse certificado, que mistura diferentes instrumentos (como derivativos) para oferecer ganhos — ou proteger perdas — conforme a variação do preço do ativo.

O Mercado Pago também atua com um sistema de ‘crypto-as-a-service’ em parceria com a Ripio, assim como Santander Brasil que oferece a compra e venda de Bitcoin e Ether para clientes de varejo por meio da corretora Toro, mas não disponibiliza custódia direta.

O Banco do Brasil lançou em 2024 um projeto-piloto de custódia de ativos digitais e oferece fundos de investimento com exposição a criptomoedas, mas ainda não dispõe de trading direto na sua plataforma bancária.

Outro movimento que cresce no país é a adoção de Bitcoin como reserva de valor. Movimento que vem sendo liderada pela Méliuz que anunciou nesta semana, a compra de 275,43 Bitcoin, totalizando um investimento de US$ 28,6 milhões, o equivalente a R$ 158,3 milhões na cotação atual.

A compra foi realizada com parte dos recursos levantados na última oferta de ações. Assim, a empresa ampliou sua reserva de Bitcoin para 595,67 unidades, consolidando-se como a maior detentora corporativa de BTC da América Latina.