Atualização às 10h09, 14 de dezembro de 2022: foi acrescentada uma nota com o posicionamento da Binance sobre os saques.
Após uma reportagem da Reuters sobre a Binance, possivelmente, ser processada pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, o fluxo de saída de criptoativos da exchange se intensificou. Nos últimos sete dias, a movimentação de criptomoedas da Binance é de US$ 3,6 bilhões negativos, apontam dados da empresa de inteligência Nansen. Apenas nas últimas 24 horas, as saídas somam US$ 3 bilhões.
Andrew Thurman, técnico da Nansen, disse em seu Twitter que as preocupações surgidas “são exageradas”. Ele comenta que a exchange ainda conta com US$ 1,2 bilhão em USDC, e as criptomoedas depositadas na Binance nas últimas horas são todas stablecoins.
Imagem: fluxo de stablecoins da Binance/Nansen
Maior onda de saques em seis meses
Entre 12 e 13 de dezembro, a Binance teve sua maior onda de saques dos últimos seis meses, ressaltou a Nansen no Twitter. Foram mais de US$ 2 bilhões, só em Ethereum (ETH) e tokens ERC20, retirados da exchange.
Thurman, também da Nansen, após comentar que o temor sobre uma possível insolvência da Binance ainda é exagerado, falou sobre as movimentações da exchange.
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— Andrew T (@Blockanalia) December 13, 2022
Update on Binance generally: still experiencing notable net outflows, but there's some huge deposits coming in as well
24 hr net outflows topping 2.1 billion (and Paxos has 2.4 billion inflows -- lots of folks redeeming BUSD?)
However, there's HUGE deposits coming in now pic.twitter.com/y4JaASg5U9
"Atualização sobre a Binance: ainda está experienciando um fluxo de saída significativo, mas também estão sendo feitos grandes depósitos. O fluxo de saída nas últimas 24 horas é de US$ 2,1 bilhões, e a Paxos mostra entradas de US$ 2,4 bilhões. Será que tem muita gente liquidando BUSD? Contudo, estão entrando GRANDES depósitos agora.”
Imagem: fluxo de criptomoedas na Binance/Nansen
O técnico da empresa de inteligência indica que esse movimento pode ser, possivelmente, grandes players tentando preencher o vácuo deixado pela Jump Trading. Na segunda-feira (12), a empresa sacou US$ 135 milhões da Binance. Para Thurman, é possível que outras empresas queiram aproveitar o espaço de market maker deixado pela Jump.
Até a manhã desta terça-feira, a Binance ainda contava com US$ 60 bilhões em suas carteiras, indicam dados da plataforma Watches Pro. Embora seja consideravelmente abaixo dos quase US$ 64 bilhões de ontem, o volume ainda é significativo.
Por meio de nota, a exchange se posicionou sobre o aumento no volume de saques:
"Conduzir adequadamente uma prova de reservas (proof of reserves) em custódia desse escopo e magnitude é um processo muito complexo, novo e exclusivo do setor e requer diferentes graus de verificação interna e por terceiros na blockchain, em comparação a instituições financeiras tradicionais. A divulgação das reservas de custódia de BTC foi apenas o primeiro de muitos passos que serão dados nas próximas semanas para fornecer mais transparência e garantia de nossas reservas em custódia. Após os eventos recentes, é imperativo que desenvolvamos novos sistemas que permitam aos usuários acessar continuamente a verificação on-chain de seus ativos sob custódia, para reconquistarmos a confiança do usuário e mais uma vez provar que cripto é mais segura e transparente do que as finanças tradicionais.
Achamos importante observar que a venda de ativos alimentada pela notícia da Reuters resultou na retirada de aproximadamente US$ 1,14 bilhão de nossa plataforma em um período de 12 horas, o que foi administrado com facilidade. Passamos por este teste de estresse extremo porque executamos um modelo de negócios muito simples: manter os ativos sob custódia e gerar receita com as taxas de transação."
Paralelo com a FTX
O mercado cripto ficou temeroso quando, na manhã desta terça-feira, a Binance paralisou os saques de USDC. O motivo mencionado para a pausa foi uma “troca de tokens”. Ainda que os saques em USDT e BUSD tenham permanecido normais, as quase sete horas sem saques de USDC foram tratadas com certa preocupação. O motivo é o recente colapso da FTX, que ocorreu de forma parecida.
Há pouco mais de um mês, no fatídico dia 8 de novembro, a FTX paralisava os saques de seus clientes. A diferença, porém, é que o total de saques da exchange foi muito menor: pouco mais de US$ 1,2 bilhão.
Changpeng Zhao, CEO da Binance, tenta usar o episódio para fortalecer a imagem da exchange. Em seu Twitter, ele comentou o fluxo de saques e disse que acha uma boa ideia “fazer testes de estresse de saques” em exchanges centralizadas.
De qualquer forma, a queda na confiança envolvendo plataformas centralizadas ainda permeia o mercado cripto. O usuário que se identifica como blockgraze respondeu à publicação de Zhao com um tweet de Sam Bankman-Fried, feito no dia 6 de novembro, que foi o domingo quando os saques em massa tiveram início na FTX.
O discurso do ex-CEO da FTX, que disse à época que “muitos depósitos foram processados e mais estavam por vir”, se assemelha muito ao do CEO da Binance.
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